D. Rui Valério alertou para o «consumismo afetivo e até mesmo espiritual»

Foto Santuário de Fátima

Fátima, 12 set 2019 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança disse hoje que Jesus “nunca desiste” das pessoas e pediu aos peregrinos que “a proposta para o mundo” seja “mostrar a experiência de vida com Cristo”, no Santuário de Fátima.

“Que todos os que observarem a forma como vivemos se interroguem acerca do seu significado mais profundo e se sintam atraídos e fascinados com a vida cristã que na Igreja transparece”, explicou D. Rui Valério.

Na homilia da Eucaristia que encerra a peregrinação aniversária de 12 e 13 de setembro, o bispo do Ordinariato Castrense afirmou que será na “vida de comunhão com Cristo” que muitos dos irmãos e irmãs “encontrarão alento e estímulo” para viverem aquela experiência de “união com o Senhor”.

A partir do Evangelho, sobre o milagre Bodas de Canaã, D. Rui Valério alertou que o ser humano “tem pavor aos vazios” e, por isso, tenta colmatá-los com “a embriaguez do consumo que hoje inclui não só bens materiais, como também bens imateriais”.

“Somos devorados por um consumismo afetivo e até mesmo espiritual numa busca desenfreada de experiências cada vez mais inovadoras e radicais”, referiu.

Segundo o presidente da celebração, a pessoa “não se salva por intermédio das coisas efémeras” que possui ou experimenta e, hoje, a situação de muitas irmãs e irmãos “continua retratada na imagem das talhas vazias”.

“Só o amor nos salva e nos preenche, construindo e reconstruindo a vida redimida a partir das ruínas em que tantas vezes nos encontramos. A salvação reside no facto, ao mesmo tempo simples e complexo, de ser amado e de amar”, salientou.

“Só Cristo pode salvar a humanidade e o mundo da tragédia da escassez de amor”.

Neste contexto, indicou que o Evangelho “aponta um caminho, um itinerário para a salvação” e enumerou: “Acolher Maria na nossa vida; Escutar a Palavra do Senhor e a pô-la em prática; Levar o vinho da alegria”.

O bispo das Forças Armadas e de Segurança realçou que Jesus “nunca desiste” das pessoas, “nem deixa de rasgar os horizontes da humanidade com a luz da esperança”.

“Jamais Ele permite que o mal comande os desígnios da história. É um Deus vivo que conhece e experimenta o doce sabor da alegria. Da alegria que irrompe sempre que o ser humano se deixa resgatar e é salvo”, afirmou.

Foto Santuário de Fátima

Na homilia lembrou que Nossa Senhora comunicou aos três pastorinhos que «Deus está contente com os vossos sacrifícios…», a 13 de setembro de 1917, num momento em que o mundo “mergulhava na dramática angústia da guerra e a humanidade tinha a tristeza estampada no rosto”.

“Se está estabelecida uma aliança entre a alegria de Deus e salvação da humanidade, então a Boa Nova que Nossa Senhora trouxe e que proclamou precisamente neste lugar é que o mundo não está perdido. A vocação do ser humano não é a perdição, mas a salvação”, desenvolveu.

D. Rui Valério explicou que Nossa Senhora “surge como Mãe da alegria”, nas Bodas de Canaã, e observou que o “vazio” indica a tristeza e “nada esvazia tanto o coração humano como a escassez do amor”.

No final da celebração, na saudação aos peregrinos, o cardeal de Leiria-Fátima lembrou os bombeiros que neste tempo “têm um trabalho acrescido e esforçado” para extinguir os incêndios.

“Que Nossa Senhora os proteja”, pediu D. António Marto, que rezou uma Avé-Maria por “todos os bombeiros que estão em trabalho a favor” do povo português.

O Santuário de Fátima informa que participaram na celebração 115 padres, cinco bispos e um cardeal e para esta peregrinação, que assinala a quinta aparição de Nossa Senhora aos Pastorinhos, em 1917, inscreveram-se 87 grupos de peregrinos, de 23 países: Portugal, Alemanha, Austrália, Brasil, Cabo Verde, Coreia do Sul, Eslováquia, Espanha, EUA, França, Holanda, Indonésia, Irlanda, Itália, Polónia, Singapura, Burquina Faso, Canadá, China, República Checa, Filipinas, África do Sul e Reino Unido.

CB (Ecclesia)