De 19 a 24 de Maio, decorreu a 58ª Peregrinação Militar Internacional que teve, nos dias 20, 21 e 22, em Lourdes, o seu ponto mais alto.
Neste Ano da Misericórdia, o tema era: “Uma porta sempre aberta”. Pretendia-se sensibilizar os peregrinos para o amor compassivo e misericordioso do nosso Deus que nunca se cansa de esperar por nós e de nos abrir o coração. E apresentava-se a figura de Nossa Senhora, como a Mãe solícita, preocupada com o acolhimento e a felicidade dos seus filhos e da inteira família humana.
O programa decorreu segundo os moldes habituais: a empolgante cerimónia de abertura, na qual um «inválido» de guerra levou ao Presidente -o Bispo das Forças Armadas da França- uma mensagem do Papa Francisco, enviada por intermédio do Secretário de Estado do Vaticano; a vigília eucarística e a bênção dos doentes; a Missa e a via-sacra da delegação portuguesa, presididas por D. Manuel Linda, também ele um peregrino; a homenagem aos mortos; a impressionante procissão mariana; a Missa internacional, etc.
A representação oficial esteve, este ano, confiada à Marinha e foi comandada pelo Almirante Sousa Pereira, Comandante do Corpo de Fuzileiros. De notar o aprumo, o garbo, o brilho e o espírito de fé dos porta-estandarte e escolta, da Fanfarra do Corpo de Fuzileiros e dos Cadetes da Escola Naval e, alguns, da Academia da Força Aérea que arrancaram frequentes palmas aos portugueses que andavam por Lourdes e, inclusivamente, a delegações estrangeiras. Evidentemente, o mesmo se poderia dizer dos outros militares e dos muitos civis que os acompanharam.
Para além desta forte vivência da fé e oração juntamente com cerca de treze mil militares de trinta e cinco países, os peregrinos portugueses tiveram, ainda, a possibilidade de conciliar as visitas culturais com o lazer, o são convívio com a história. Visitou-se a catedral de Burgos e a cidade de Miranda del Ebro, foi-se ao Museu Guggenheim de Bilbao, celebrou-se a Missa na «Santa Cueva» de Covadonga e na Catedral de Santiago de Compostela, onde não faltou o famoso «botafumeiro»; aconteceu passeio de barco e degustação de mexilhão nas «Rias Bajas» da Galiza, etc. Todos concordaram que esta peregrinação constituiu um rotundo êxito e que a organização esteve à altura.
De Portugal, participaram cento e noventa peregrinos. Mas cerca de metade eram civis. É verdade que havia militares polícias de todos os Ramos e Forças de Segurança. E até que o número aumentou em relação ao ano passado. Não obstante, este quantitativo é muito diminuto se compararmos com outros países: 2.500 da Itália; 1.500 da Croácia; 1.000 da Alemanha, etc. De Portugal, já chegaram a participar mais de 800 peregrinos. Somos pobres, mas não miseráveis. É, também, o nome de Portugal que está em causa.
Em 2017, a 59ª Peregrinação Militar Internacional acontecerá, sensivelmente, nas mesmas datas. Este encontro de militares em contexto de fé nasceu em 1958, ano do centenário das aparições de Nossa Senhora a Bernardete, em Lourdes. A iniciativa deveu-se a dois capelães militares –um francês e um alemão- que experimentaram a divisão dos corações, na segunda grande guerra, não obstante a mesma fé e o serviço à mesma Igreja. E compreenderam bem que a conquista da paz é mais um fruto dos corações do que dos tratados internacionais.