A 15 de Janeiro de 1960 o Papa João XXIII na Carta Apostólica “Aligera Cymba” decretava Nossa Senhora do Ar “Padroeira de todos os Aviadores Portugueses”.

Para assinalar a efeméride, D. Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, presidiu hoje, 15 de janeiro, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, Templo da Força Aérea Portuguesa, a uma Cerimónia Litúrgica. Nela estiveram presentes o Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, representantes dos Chefes de Estado-Maior da Marinha e do Exército, do Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana e do Diretor Nacional da Polícia de Segurança Pública. Adidos Militares, Oficiais Generais, Oficiais, Sargentos, Praças, Funcionários Civis e os Escuteiros do Ar.

Concelebraram o Capelão Adjunto para a Força Aérea, pe. Joaquim Martins, e todos os capelães que servem neste Ramo das Forças Armadas. O Diácono Baltar, da Chefia de Assistência Religiosa da FA serviu o Bispo Castrense numa Liturgia que foi animada pelo Coro da Academia da Força Aérea, dirigido pela Maestrina Mariana Martins.

Na sua homilia o Responsável pela Diocese Castrense começou por invocar a proteção de Nossa Senhora para todos, de um modo especial para aqueles que servem na FA Portuguesa, “Senhora do Ar, que sois nossa Protetora, defendei-nos e protegei-nos nas adversidades da natureza, guiai-nos nos caminhos da vida e salvação e conduzi-nos às venturosas metas que tanto almejamos como seres humanos e servidores de Portugal.”

Olhando depois para a diligência de Nossa Senhora em “pôr-se a caminho” para ir anunciar as maravilhas que Deus tinha realizado Nela, D. Rui Valerio atribuiu à Força Aérea essa mesma vontade de, tal como a sua Padroeira, não se limitar a “ao fazer, ao agir… vai mais longe: a Força Aérea comunica razões para alguém viver.”
“A salvação de uma vida não se circunscreve à garantia de que não se perca nos abismos da morte, mas implica e comporta também outorgar-lhe um sentido para viver, ou seja, o alento e a alegria de estar vivo. E é também isso que a Força Aérea oferece quando, pelo testemunho do espírito de serviço e abnegação daqueles que nela servem, dá razões da sua alegria e de um elevado sentido de vida assente em valores, o primeiro e principal dos quais é o próprio ser humano e a sua dignidade. Ou seja, ao pautar a sua ação pela salvaguarda da vida e dignidade de cada mulher e de cada homem e pela defesa da natureza, como tem acontecido nos últimos anos no combate aos incêndios, a Força Aérea, na senda da Sua Padroeira, revela e aponta para os Valores supremos que ultrapassam a mera conceção materialista que se esgota no ter.”

O prelado apontava depois os valores de referência de Nossa Senhora do Ar: a Ousadia, a Competência e o Olhar a partir do Absoluto.
Ousadia ao fazer-se à estrada: “A presença da Senhora do Ar na nossa vida traduz-se na salvaguarda da confiança no que somos e em tudo aquilo que fazemos. Evoco aqui, nesta hora, os pioneiros da aviação e todos os heróis da Força Aérea que, pela sua capacidade de confiar, venceram terríveis bloqueios e tiveram na força do crer a sustentação da coragem, da ousadia e da vontade de arriscar. Que a Senhora do Ar nos inspire na sabedoria da confiança em Deus, mas também no ser humano, em cada um e na Força Aérea.”
– Nossa Senhora revela-nos que ser competente é “realizar as tarefas que nos são confiadas de tal modo que não seria possível fazer de melhor maneira…Competência é a capacidade demonstrada de fazer sempre e só o que melhor pode ser feito. Esta graça, Maria conserva-a na Força Aérea.”
– “Nossa Senhora do Ar indica-nos que as próprias alturas e o ar são o laboratório que plasma uma maneira de olhar o mundo, o modo de ver a realidade que a Força Aérea faz próprio. Ver o mundo, olhar para a terra a partir do alto permite ver as coisas na sua justa medida, capta a realidade na verdade do que são…. Sim, o Alto dá-nos a justa medida das coisas… Se as alturas nos oferecem essa visão prospetiva da realidade, Nossa Senhora do Ar oferece-nos a sabedoria do olhar por forma a observarmos a vida a partir do que é realmente determinante, ou seja, a partir do Absoluto. Nestes tempos de relativismo, bem manifesto na chamada cultura gasosa, que a Força Aérea seja um arauto do essencial e do permanente, fazendo prevalecer os valores duradouros que a espuma do tempo não apaga!”

As celebrações deste ano inserem-se nas comemorações do centenário da Proclamação de Nossa Senhora do Loreto como Padroeira Universal da Aviação.