De 8 a 10 de Outubro, o Ordinário Militar para Portugal presidiu à procissão da Senhora de Fátima e visitou várias “Casermi” do Exército italiano.
O convite tinha sido feito pelo capelão da cidade militar de Cecchignola, Don Salvatore Nicotra, e secundada pelo Bispo das Forças Armadas de Itália, D. Santo Marcianò. Neste núcleo vivem, de facto, mais de 4.500 militares e suas famílias, num total de mais 10.000 pessoas. E lá é bem viva a devoção à Senhora de Fátima. Por isso, o Conselho Pastoral quis que fosse o Bispo das Forças Armadas de Portugal a presidir a uma celebração religiosa na qual sobressai o nome de Fátima e o contexto militar.
O programa iniciou-se com a Missa solene na grande capela da cidade militar. No final, acompanhada por uma fanfarra militar, fez-se a longa procissão. No regresso à capela donde tinha saído, os muitos participantes realizaram o acto de consagração, tal como acontece diariamente em todos os actos litúrgicos do Santuário de Fátima.
No Seminário Castrense
Nesse mesmo dia, D. Manuel Linda visitou e jantou com o Seminário Castrense. Há, de facto, dentro desta estrutura militar, uma “Scuola Allievi Cappellani Militari” que, neste momento, é frequentada por nove seminaristas e mais dois jovens em processo de discernimento vocacional. Este Seminário é dirigido por um Reitor e um Vice-Reitor. Os alunos têm o apoio logístico habitual da estrutura militar, como qualquer cadete em formação, e frequentam a Pontifícia Universidade Lateranense. O Bispo português foi obsequiado com três ícones referentes aos três centuriões que se referem no Novo Testamento: o que pediu e obteve a cura do seu servo; o que primeiro professou a fé no Filho de Deus, no acto da crucifixão; e o que convidou São Pedro para sua casa, em Joppe. Foi, também, convidado a assinar o livro de honra.
O conhecimento da realidade italiana
Os outros dias foram passados em acções litúrgicas e de contacto com os vários Regimentos. Para além de uma audiência com o Comandante da cidade, GEN Mário Sumatra, visitou demoradamente o “6º Reggimento Genio Pionieri”, uma espécie do nosso Regimento de Apoio Militar de Emergência. Após um briefing, no qual foi ressaltado o extraordinário contributo destes mais de oitocentos militares nos frequentíssimos terramotos em Itália e nos incêndios, D. Manuel Linda visitou os parques de maquinaria, algo que impressiona pela qualidade e quantidade, ou não estivéssemos na Itália.
Noutras instalações, tomou contacto com o que se passa entre os militares. Eis algumas ideias salientes: não se tem verificado dificuldade em contratar jovens para os vários âmbitos do Exército (desde os soldados aos cadetes da Academia); o primeiro contrato dura, apenas, três anos e pode ser renovado até ao máximo de sete; nota-se uma acentuada crise familiar entre os militares; por causa desta e o que isso acarreta a jusante (pagamento de pensões de alimentos, perda da casa, ausência de suporte afectivo, etc.), são cada vez mais os graduados que vivem sozinhos em instalações militares e, por vezes, com grandes carências económicas; esta situação obrigou à intervenção da Caritas diocesana que trabalha em rede, isto é, se alguém receber apoio numa determinada paróquia ou capelania não pode ir pedir ajuda a outras, pois isso fica registado na página web da Caritas; estas dificuldades económicas favorecem a tentativa de obter dinheiro fácil nos jogos online, o que leva a mais dívidas e se está a revelar como verdadeira catástrofe, particularmente entre os jovens que têm mais dificuldade de autocontrolo.
A coroação da imagem da Senhora de Fátima
O novo jornal diário “La Croce” pediu e publicou uma longa entrevista ao Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança de Portugal, sinal do relevo concedido a estes actos.
A visita terminou com o almoço oferecido pelo General Comandante desta cidade militar de Cecchignola, no qual participou o seu Estado-Maior. Antes, porém, na capela deste Quartel-General, decorreu a cerimónia de bênção de uma imagem da Senhora de Fátima, sua entronização e coroação.
Para além de um importante conjunto de relações humanas, de conhecimentos mútuos, de partilha de experiências, ficou a promessa de se estudar a hipótese de participação de militares italianos na nossa peregrinação nacional a Fátima.