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Este mês de Outubro é “Mês Missionário”. Pensemos na nossa responsabilidade neste campo.

Com Maria, Missionários da Misericórdia

 

  1. Neste “Ano Jubilar”, o Papa Francisco «instituiu» um grupo de sacerdotes para que, no interior das nossas dioceses, apareça como rosto do acolhimento materno da Igreja e ajudem a aproximar-se quantos dela se afastaram. E atribuiu-lhes uma designação: “Missionários da Misericórdia”. No encontro que teve com eles, balizou bem o que os deve caracterizar: “Ser Missionário da Misericórdia é uma responsabilidade, porque se vos pede para serdes testemunhas, em primeira pessoa, da proximidade de Deus e do seu modo de amar”. Sim, ser testemunha da proximidade de Deus e do seu modo de amar!
  2. Mas não é isso que se exige a todo o baptizado? A presença do cristão na cidade dos homens pode exercer-se de outra maneira que não seja anunciando que Deus não se retirou do nosso mundo, não obstante o mal e a injustiça, e que nos ama com amor de Pai e de Mãe, mesmo que uma imensa maioria o desconheça? O fiel em Cristo poderá «armazenar» somente para si o conhecimento desta alegre novidade e não a difundir? Temos o direito de contradizer Jesus Cristo que nos interpelou: “Põe-se, porventura, a candeia debaixo do alqueire ou debaixo da cama? Não é para ser colocada no candelabro e assim brilhar para todos?” (Mc 4, 21)?
  3. Ora, se esta tarefa é urgentíssima nas nossas dioceses, não o é menos no vasto mundo. Até porque sabemos que, em cada cinco pessoas, só uma conhece Jesus Cristo. Esta é a verdade! A terrível verdade: não obstante o imenso trabalho, de suor e martírio, de dois mil anos de fé cristã, só uma minoria conhece que não há outro acesso a Deus que não seja por Jesus Cristo.
  4. Por tudo isto, atrevo-me a dizer que a tarefa missionária não é uma opção: é uma consequência lógica da nossa fé e do nosso baptismo. É a resposta actuante de quem sabe que Deus o ama e o envolve naquele amor misericordioso que supera as nossas imperfeições, nos eleva à categoria de seus filhos e nos promove em todos os âmbitos da nossa vida. É uma faceta do ser Igreja, pois esta existe para ser no mundo “testemunha da ressurreição do Senhor Jesus” (Act 4, 33).
  5. Precisamos, pois, de missionários. De homens e mulheres «comuns» que se disponham a dar largas ao impulso de uma fé que é dinamicamente «contagiante». E que, em nome da Igreja, vão por esse mundo fora «gerar» novos filhos de Deus, na fé e no baptismo. E nutri-los com a formação religiosa e a promoção humana em todas as áreas: na saúde, na educação, na alimentação, na convivialidade e até na purificação daqueles aspectos da sua cultura ancestral que não se coadunam com a dignidade humana e com a nobreza dos filhos de Deus.
  6. Em Fátima, há cem anos, Nossa Senhora veio incutir a certeza de que o amor de Deus misericordioso é mais forte que o mal e o pecado. E não se limitou a fazer uma revelação privada a três pastorinhos: por intermédio destes, a mensagem é para que o mundo saiba que Deus tem para ele um desígnio de amor e de misericórdia. Se, pela sua participação na história da salvação, Nossa Senhora já era a “estrela da evangelização”, para nós, portugueses, este centenário de Fátima não nos impulsionará a levar ao mundo o desígnio da misericórdia de Deus?
  7. Então, que, com Maria, surjam muitos e santos “Missionários da Misericórdia”.

Manuel Linda