Azeredo Lopes participou em evento promovido pelo Ordinariato Castrense, da Igreja Católica.
O ministro da Defesa Nacional disse hoje que conjugar os termos “Forças Armadas e paz não é um paradoxo” e salientou a necessidade de afirmar uma relação cada vez mais “clara” entre estes dois conceitos. José Alberto Azeredo Lopes marcou presença hoje no Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’, que está a ser promovido no Campus da Amadora da Academia Militar, uma iniciativa do Ordinariato Castrense e do seu bispo, D. Manuel Linda.
Na sua intervenção, Azeredo Lopes destacou o papel que Portugal tem assumido nos vários teatros de guerra, na proteção e segurança das populações: “O mais importante é que, do ponto de vista reputacional, Portugal surge como fornecedor de paz e de segurança”, salientou. Reconheceu ainda a pertinência da iniciativa promovida pelo Ordinariato Castrense, já que a Igreja Católica tem um “conhecimento milenar” em matéria da busca da paz, e cujo contributo é essencial numa época marcada por inúmeros focos de guerra e de instabilidade.
Para aquele responsável, é cada vez mais difícil “definir os limites da atuação das Forças Armadas”, num mundo onde os “sinais de ambiguidade são hoje maiores”.
Neste campo, alertou para a utilização que tem sido feita, muitas vezes “desastrosa”, de determinados conceitos “como legitima defesa contra o terrorismo”, “intervenção humanitária” ou “a distinção entre combatentes legítimos e ilegítimos”: “Estamos habituados a que uns sejam bons e outros maus. Aquilo para que não estamos preparados é para perceber que podemos ter no terreno só maus, desde o governo à oposição”, referiu o ministro, acrescentando que a mudança de paradigma tem de começar a partir de cima, de quem chefia, de quem lidera as nações. “É tentador olhar para as vantagens que decorrem da liderança militar e esquecer muitas vezes os deveres que isso acarreta”, apontou.
Já a ministra da Administração Interna, também presente neste Seminário, lembrou a mensagem do Papa Francisco para o mais recente Dia Mundial da Paz, onde se frisa que a paz é muito mais do que a ausência de guerra. Palavra que deve ser um “desafio” para os atuais líderes políticos, económicos e religiosos do mundo, observou Constança Urbano de Sousa.
O Seminário ‘Paz e Futuro da Humanidade’ foi organizado pelo Ordinariato Castrense, tendo como pano de fundo o centenário das aparições de Fátima e o da I Grande Guerra (1914-18). Este evento teve como objetivo “desenvolver e aprofundar uma específica mentalidade de paz” entre os agentes e “comprometer pessoas e instituições a favor de uma nova ordem internacional, edificada a partir dos direitos humanos e dos valores da paz”, refere a organização.
Esta tarde, numa mesa intitulada ‘As religiões, a guerra e a paz. Atualidade de um tema’, vão estar presentes responsáveis de outras Igrejas cristãs: D. Jorge Pina Cabral, bispo da Igreja Lusitana, de Comunhão Anglicana; e D. Sifredo Teixeira, bispo da Igreja Evangélica Metodista Portuguesa. Na mesma mesa-redonda usará da palavra o COR lemos Pires, Comandante do Corpo de Alunos da Academia Militar.
JCP (Agência Ecclesia)