Bispo das Forças Armadas e de Segurança aponta ensinamentos da mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2021
Lisboa, 02 jan 2021 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança, D. Rui Valério, disse à Agência ECCLESIA que a pandemia veio mostrar a “vulnerabilidade” da humanidade e necessidade da “cultura do cuidado”, proposta pelo Papa.
“A atitude de fundo que somos chamados a assumir, como sociedade, como comunidade humana, é esta cultura do cuidado”, indicou o responsável católico, também presidente da ‘Pax Christi’ em Portugal.
“Um cuidado dirigido à pessoa, na sua individualidade, na sua singularidade; um cuidado dirigido ao outro, enquanto tu, como membros de uma comunidade do bem comum; um cuidado que é necessário orientar para o mundo, o criado, esta casa comum”, acrescentou.
O bispo das Forças Armadas e de Segurança comentou a mensagem de Francisco para o Dia Mundial da Paz 2021 (1 de janeiro), dedicada ao tema ‘A cultura do cuidado como caminho de paz’.
“O Papa Francisco, olhando para o mundo, compreende e captou uma realidade que era transversal: a vulnerabilidade ou a impotência”, observa o entrevistado.
D. Rui Valério destaca a importância desta mensagem “face a uma pandemia que se torna cada vez mais enigmática, à medida que o tempo passa, porque o próprio vírus está numa mutação constante”.
Para o responsável católico, este cuidado abrange todas as dimensões da realidade humana, incluindo o “relacionamento com Deus”, mostrando um caminho para que o novo ano seja melhor do que 2020: fazer de cada pessoa um “cuidador”.
Na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2021 (1 de janeiro), o Papa propõe a criação de um fundo mundial para a fome, financiado por dinheiro atualmente destinado a despesas militares.
O bispo das Forças Armadas e de Segurança sublinha que a fome “é uma realidade” que permanece na humanidade do século XXI, agravada agora pela pandemia.
A ideia de canalizar fundos de despesas militares para o combate contra a fome já foi defendida por vários Papas, como São João XXIII ou São Paulo VI, mostrando um “realismo” face ao drama de milhões de seres humanos.
“Do ponto de vista dos militares, há um consenso e um acordo total sobre isso. Os nossos militares não são mulheres nem homens para fazer a guerra, eles estão ao serviço da paz”, aponta.
D. Rui Valério defende uma “conversão de mentalidades”, superando a supremacia do mundo da técnica.
“Quando entramos na indústria do armamento, estamos a falar de qualquer coisa que está acima do ser humano. O progresso – não o desenvolvimento – que aconteceu é de tal ordem imenso que é quase imparável. A globalização necessita de uma humanização”, observa.
O responsável católico propõe uma “gramática dos sentimentos”, para dar voz ao coração de cada pessoa.
A entrevista a D. Rui Valério pode ser ouvida este domingo, às 06h00, na Antena 1 da rádio pública, e pelas 17h20, no programa ‘70×7’ (RTP2).
OC (Ecclesia)