Em circunstâncias normais, seria neste domingo, dia 30 de agosto, que, em Alcafozes, os Aviadores viveriam as Festas em honra da sua Padroeira, Nossa Senhora de Loreto.
A pandemia do coronavírus SARS-COV-2 impediu que tal tivesse ocorrido.

O Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança, D. Rui Valério, que estava previsto ir presidir à Eucaristia, dirigiu uma Mensagem a todos os Aviadores, tanto Militares como Civis.

Aqui damos conta dela.

MENSAGEM AOS AVIADORES

POR OCASIÃO DA CELEBRAÇÃO EM HONRA DE NOSSA SENHORA  DO LORETO

Caros Aviadores

1. A passagem do centésimo aniversário da elevação de Nossa Senhora de Loreto como padroeira da aviação e a dedicação deste ano como Ano Loretano, por iniciativa do Papa Francisco, fariam do encontro deste último domingo de agosto em Alcafozes, no santuário a Ela dedicado, uma celebração acrescida em vivência e espiritualmente reforçada. Mas a pandemia provocada pelo coronavírus tudo veio alterar. No entanto, não diminuiu o ardor da devoção dos Aviadores para com a sua padroeira, nem tão-pouco apagou neles a firme vontade de a louvar e de agradecer a sua proteção. Antes pelo contrário! Estando nós a viver um tempo particularmente exigente, a própria conjuntura obriga a esforços suplementares de todos os profissionais do voo. Particularmente dos Aviadores. De facto, temos verificado como sois decisivos para o presente e para o futuro do País e do mundo, seja no combate aos efeitos nefastos da pandemia, com o recomeço das viagens aéreas, verdadeiro alicece da economia de muitas regiões e do País, seja no combate aos incêndios, seja no transporte de órgãos, no salvamento de náufragos e de tantos outros combates onde a vossa ação é imprescindível.

Por isso, como bispo e como cidadão, desejo que também este ano, não obstante todos os condicionalismos, seja invocada a Padroeira da aviação e a Ela se elevem as preces de louvor e de súplica de quem, a partir dos céus, representa uma verdadeira proteção para os portugueses.

Assim convosco e por vós aqui clamamos: Nossa Senhora de Loreto, protegei, acompanhai e conduzi todos os Aviadores. Sobre eles estendei o vosso divino manto para que, aos comandos das suas aeronaves, aviões, avionetas ou helicópteros cumpram os desígnios que os movem, realizem os planos de voo, alcancem em segurança as metas que perseguem, para que tudo ocorra em benefício de um mundo melhor, em prol da salvação da própria alma e para a maior glória de Deus.

2. A subida às alturas esculpe nas almas uma sabedoria do olhar. Ver a partir de cima, a partir do céu, permite ver tudo na sua justa medida, captando a contingência da realidade. Mas essa perspetiva do alto ainda oferece a possibilidade de contemplar a abrangência onde se situa a vida e o real. Nessa medida, tudo é percebido dentro do seu contexto. Tudo isto é apanágio dos profissionais do ar que, em cada época, são os garantes da visão sobre a existência e acerca da realidade cheia de realismo e de verdade. Obrigado por darem aos habitantes da terra uma tão nítida evocação do céu.

Nesta hora, não podemos esquecer o quanto esta abordagem tem de mariano. De Nossa Senhora se diz que “tudo isto conservava e meditava no seu coração” (Lc 2,51) e vós tendes incrustada nos vossos corações esta sabedoria de vida.

3. Caros Aviadores, envio-vos as mais vivas felicitações na passagem do dia dedicado à vossa amada e gloriosa padroeira. Na oração vive-se uma comunhão espiritual que, graças à intercessão de Nossa Senhora, nos fará sentir uma profunda unidade tanto nos propósitos, como nas missões de tal modo que bem podemos atribuir à comunidade dos Aviadores as palavras do livro dos Atos dos Apóstolos sobre a comunidade primitiva: “tinham um só coração e uma alma só” (At 4,32).

Deus seja por vós louvado.

+Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança

Lisboa, 30 de agosto de 2020