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Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança de Portugal reage à carnificina de Paris.

Lisboa, 14 nov de 2015 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança disse hoje em Lisboa que é preciso encontrar uma via para “reconciliar duas culturas que estão desavindas, não enquanto religião mas na globalidade, a ocidental cristã e a muçulmana”.D. Manuel Linda reagia esta tarde, em declarações à Agência ECCLESIA, aos atentados em Paris, já reivindicados pelo Estado Islâmico, que provocaram a morte a 128 pessoas e deixaram centenas de feridos na capital francesa.

As declarações do prelado foram feitas durante o encontro nacional da Pax Christi, uma organização que, recordou D. Manuel Linda, “nasceu no contexto da Segunda Guerra Mundial, para fazer a reconciliação entre corações próximos mas desavindos, os franceses e os alemães”.

“Hoje teremos de alargar, esse coração desavindo poderá estar entre duas culturas, a cultura dita ocidental ou cristã e a cultura muçulmana, enquanto globalidade, não enquanto religião”, afirmou.

Para o também presidente da Pax Christi Portugal, os atentados na capital gaulesa lembram a dura realidade de um mundo onde nem todos se regem pelos mesmos valores essenciais.

“Nós imaginávamos que de facto nos poderíamos todos encontrar no respeito pelos direitos humanos, naquele mínimo comum que é a defesa da vida, mas infelizmente parece que não”, desabafou D. Manuel Linda.

A tragédia em França veio ainda colocar evidente “a vulnerabilidade da Europa” e o quão difícil vai ser convencer as pessoas a participarem por exemplo no processo de acolhimento aos refugiados que vêm do Médio Oriente.

“Eu próprio tenho recebido emails de pessoas que são contra, porque dizem que isto não tem critério, que acabam por entrar pessoas verdadeiramente necessitadas mas também outras com segundas intenções”, confidencia o prelado, que “teme” que com os acontecimentos mais recentes, a posição dos que defendem o fecho das fronteiras “ganhe mais força”.

A solução, na opinião do bispo das Forças Armadas e de Segurança, terá de passar sempre por uma estratégia de solidariedade e acolhimento, mas com “critério” e salvaguardando a “segurança” de cada nação.

Quanto à questão do terrorismo e do fundamentalismo, só uma “mudança de cultura à escala global” é que “dará verdadeiramente frutos”.

“Agora há um conjunto de coordenadas que têm de entrar para a cultura da paz, uma delas, a mais importante porventura, é a via diplomática. Mas há também a via do desenvolvimento, não só económico mas integral e concretamente o diálogo inter-religioso, porque não?”, questiona D. Manuel Linda.

PR/JCP  (Agência Ecclesia)