O Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Rui Valério, presidiu hoje a uma Missa na Sé Velha de Coimbra que assinalou os 106 de presença da Guarda Nacional Republicana naquele Distrito e 12 anos do Comando Territorial.

Na homilia da celebração, que contou com as mais elevadas patentes daquela Força de Segurança, o responsável pelo Ordinariato Castrense referiu que na atual situação pandémica a GNR se tem manifestado como um dos “principais pilares do País“, pois a sua ação e postura se tem «pautado pelo mais rigoroso cumprimento do dever, honrando a sua sagrada vocação de ser “pela lei e pela grei”, pela Criatividade, Solidariedade e Responsabilidade».

Pela Criatividade. A nova situação veio exigir que os valores de sempre fossem ativados num contexto inesperado e desconhecido. Foi o que a GNR do CT Coimbra fez, ao pôr em prática na sua postura os princípios inspiradores do serviço, da entrega e da competência, encontrando quotidianamente modos e formas de os realizar. E o que é maravilhoso é que a grei protegida foi capaz de reconhecer o quão enorme foi o esforço da Guarda para garantir a manutenção e prossecução dos horizontes humanizadores da sociedade, das povoações e dos lares.

Pela Solidariedade. Dou voz às boas novas que o senhor Capelão me transmitia e fazia chegar. Ao sentido do dever, conjugou-se um indefetível espírito de solidariedade. Já responsável pela segurança de todos os cidadãos, a Guarda ainda foi o bom samaritano que se pôs ao encontro de quem estava só e isolado em aldeias e montes distantes. Levou conforto a quem viveu a dramática experiência de ver partir um ente querido para a eternidade. Promoveu ações de entreajuda para os mais carenciados e usou de pedagogia para dar alguma familiaridade a cidadãos perdidos no tempo e na vida.

Enfim, pela responsabilidade. A responsabilidade é a arte de responder prontamente aos apelos e às solicitações da grei e das circunstâncias, e de responder também, dentro dos parâmetros da lei, às consequências das ações praticadas. Quando assistimos, como sucede nos dias de hoje, ao deflagrar de uma evidente crise ética, cuja marca mais saliente é a dificuldade das pessoas, tanto coletivas, como individuais, assumirem a responsabilidade, seja das suas decisões, como dos seus atos, constatamos que uma das prerrogativas da GNR, e concretamente do Comando Territorial de Coimbra, é um acurado sentido de responsabilidade. Iluminados pelas palavras do evangelho escutado (cf Mc 12, 18-27), deparamo-nos com um novo rosto do sentido de responsabilidade, enquanto resposta guiada pela coerência. Jesus, confrontado pelos saduceus acerca de uma questão casuística sobre a aplicação de um artigo da lei mosaica, salienta, de facto, a força da coerência. Assim, a aplicabilidade da legislação só tinha cabimento dentro dos parâmetros do tempo e da história, onde a organização da sociedade contempla a constituição de famílias pelos vínculos do matrimónio. Mas este procedimento, válido para a temporalidade, já não se verifica para além da dimensão espácio-temporal, ou seja, na eternidade porque nela é a ressurreição que recria uma nova corporalidade, uma nova vida. Jesus revela-nos que a responsabilidade consiste em responder e agir de forma coerente”.

Na Eucaristia D. Rui Valério enalteceu o caráter de quem serve no Comando Territorial de Coimbra, “feito de coerência com a letra e o espírito da lei, de fidelidade ao juramento Militar, de conformidade com a missão recebida”, recordando e homenageando todos os que serviram Portugal e os portugueses na GNR, ao longo dos 106 anos de presença no distrito e nos 12 anos do Comando Territorial de Coimbra e que já partiram para a Pátria Eterna, sublinhando o seu edificante testemunho.