Numa Unidade longínqua, um comandante pressentindo o fim das suas funções, quis preparar o seu capitão para o substituir. Teria que o enviar para uma floresta distante e ensinar-lhe as regras de um grande comandante, transmitindo-lhe toda a sabedoria. Aí permaneceria durante um ano, sozinho, ouvindo todos os sons da floresta.

Quando o jovem capitão regressou, o comandante pediu-lhe que descrevesse os sons que tinha ouvido.

O capitão respondeu: “Eu ouvi o canto dos pássaros, o ruído das folhas, o zumbido das abelhas, o som do riacho, o estrondo dos trovões.”

Após o relato, o comandante enviou-o novamente para a floresta para continuar a sua formação. Perplexo, o capitão aceitou, com tristeza, voltar, perguntando-se se seria possível ouvir mais sons na floresta.

Muitos dias e noites permaneceu sozinho na floresta, à procura dos sons que lhe teriam escapado, até que numa manhã, sentado silenciosamente à sombra de uma árvore, discerniu sons muito leves, diferentes de tudo que tinha escutado anteriormente e que se tornavam mais claros, quanto mais atenção prestava.

Quando o capitão voltou, o comandante perguntou sobre o que mais ele tinha ouvido.

Ele respondeu: “Pude escutar o inaudível, o som das flores a abrir, o som do sol a queimar a terra, o som do orvalho a crescer”.

O comandante, aprovando a resposta, disse: Ouvir o inaudível é disciplina necessária para todo o líder, pois, somente quando o líder é capaz de ouvir o coração das pessoas, escutar os sentimentos, as dores não expressas, as queixas não ditas, pode ele ter esperança de inspirar confiança nos seus homens, compreender quando algo está errado, satisfazer as necessidades verdadeiras dos seus subordinados.”