Realizou-se na passada quarta-feira, dia 15 de dezembro, na Igreja dos Mártires, em Lisboa, a “Missa de Natal” para a Guarda Nacional Republicana
Presidiu o Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Rui Valério, que, na homilia, refletiu sobre três palavras que emergem e iluminam o Mistério do Natal: “nasceu”, “viu” uma luz, “não temas”.
Relativamente à primeira expressão, “nasceu”, D. Rui sublinhou o caráter absoluto do ser humano, “é um valor em si que vale por si próprio”, de modo que “todo o ser humano é sempre um fim, nunca um meio”. E neste contexto inseria a missão da GNR dentro deste espírito que, “ao garantir a segurança dos cidadãos, está a oferecer-lhes as condições para que a chama da dignidade e da elevação sejam efetivas na promoção da sua identidade e condição”.
Quanto à ação do ver, característica essencial do Natal, o prelado disse que exige daquele que contempla um descentrar de si, “quem tem disponibilidade para olhar e ver, possui, no horizonte da sua existência, não só, nem principalmente o seu mundo, os seus projetos, o seu caminho pessoal, mas sim um universo de alteridades, os outros, os seus problemas, os seus dramas” concretizando depois que “a mística da Guarda Nacional Republicana revela essa sabedoria de ver mais além, de olhar longe, de colocar o “outro” (a lei e a grei) como referências da sua missão. Nunca, como hoje, assume uma tão determinante relevância este sentido de sair de si, de estar voltado para a realidade do mundo e dos cidadãos, apreendendo os seus dramas e dificuldades, como o isolamento, a pobreza, a vulnerabilidade, a fim de os colmatar e a eles responder”.
Este combate contra os abismos da pobreza, da exclusão e da injustiça, só será possível, dizia por fim D. Rui Valério, ouvindo a voz de Deus que nos diz “não temas” e alimenta em nós a confiança que nos impele a agir. “Só onde existe confiança – confiança no ser humano, no mundo, no futuro e, definitivamente, confiança em Deus – existe força bastante para enfrentar e vencer as trevas do temor e da incerteza. Sim, é verdade, se é certo que o medo paralisa e bloqueia, ao contrário, a confiança transforma todas as circunstâncias em oportunidades de nova vida, e a esperança faz de cada vicissitude da existência, seja individual, seja comunitária, novas possibilidades de caminho na estrada do desenvolvimento e do serviço. Só a dinâmica da esperança consegue reatualizar no presente a capacidade principal emergente da vida que consiste em produzir ordem a partir da desordem”.
Participaram o Comandante-Geral da GNR, TGen Rui Clero, Oficiais Generais, Oficiais, Sargentos, Guardas, Guardas Florestais e Funcionários Civis.
No final da celebração, foi oferecido a cada participante um presépio, símbolo da alegria e da proximidade de Deus que se faz fonte da proximidade entre nós.
Após a Eucaristia, seguiu-se um almoço com configuração reduzida, conforme o estabelecido pelas autoridades sanitárias, durante o qual o Comandante-Geral fez uma alusão às três palavras-chave refletidas na homilia do Senhor Bispo e as aplicou à realidade da GNR: « “nasceu” – evoca o nascimento da GNR, cujo aniversário de fundação se comemorou este ano; “viu“, estabelece o padrão de conduta da Guarda sempre atenta e sempre alerta para a realidade do mundo e dos cidadãos; e, “não temer“, exprime o caráter da Guarda que tem, na bravura e na coragem, a fonte da sua capacidade de desempenhar a sua missão».