MENSAGEM DE NATAL

 

Aos Militares das Forças Armadas

Aos Elementos das Forças de Segurança

Aos Civis que servem Portugal nas Forças Armadas e Forças de Segurança

Às Suas excelentíssimas Famílias

 

Votos de um Feliz e Santo Natal.

 

Natal rima com simplicidade. As próprias palavras ditas para anunciarem o nascimento do Salvador são uma humilde ressonância da força geradora da Palavra feita carne (cf Lc 1, 10-12). Na sua singeleza revelam a arrebatadora capacidade de libertarem vidas, iluminarem caminhos e transformarem a história.

Evoquemo-las com o deslumbre próprio das primeiras vezes.

“Não temais”, foi a primeira palavra dita para anunciar o Mistério do amor infinito de Deus por nós, encarnado no Menino do presépio. Nada nos pode destruir, nem debilitar porque Jesus Cristo, o Verbo de Deus, está dentro da nossa realidade humana, encontra-se em cada experiência da existência de cada homem e mulher. Por isso, o antídoto do medo é a confiança e o abandono nas mãos do Pai.

O Natal desafia-nos a confiar em Deus, a lançar-nos nas suas mãos para confiar na vida, no hoje e no amanhã.

“Anuncio-vos uma grande alegria: hoje, nasceu-vos um Salvador.” Só a frescura eternamente primaveril de Jesus ousa proclamar a alegria quando as forças da história e do mundo quase nos impõem a ditadura do abatimento e da frustração… “Hoje nasceu-vos um Salvador.”

O Natal convida-nos a olhar para a vida e a dizer a cada lance dos dias «isto tem salvação, porque para isto nasceu o Salvador e tudo é chamado a ser salvo.»

“Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.” Quando a cultura, o hábito e a tradição nos ensinam que é “sinal” apenas o majestoso, o extraordinário, o fantástico… eis que o “sinal” da presença de Deus na vida e da sua passagem pela história é a simplicidade… a humildade de um menino envolto em panos, deitado na manjedoura.

O Natal conduz-nos a redescobrir o encanto maravilhoso do quotidiano, onde se aninha a ação transformadora de Deus e a sua graça vivificante na simplicidade dos ritmos da vida; onde a presença de Jesus se revela nos gestos de ternura, de proximidade e de comunhão.

Iluminados por essa brilhante luz, descobrimos que nos encontros vividos com os outros, com a natureza, connosco e com Deus — no qual reside a espinha dorsal da existência — se encarna o Amor.

+ Rui Valério

Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança