1. Há mais de um ano que o mundo vive esmagado pelas contingências da pandemia. Tem sido uma dramática via-sacra, feita de estações que ganharam nova designação – como “confinamento”, “trabalhava” (porque, entretanto, deixou de trabalhar, foi para o desemprego), “vivia ali” (e agora vive na rua), “pobreza”, “fome”, “solidão”, “abandonado”, “morte” – mas igualmente dolorosa como a percorrida por Jesus.

2. E, no entanto, mesmo ao longo destes meses, quantos dons pascais tem fortalecido o mundo com esperança?

Exemplos: as vacinas, que surgiram em prazos record; a capacidade incomensurável das Forças Armadas e Forças de Segurança de, em cada momento, responderem às emergências e necessidades do país; a dádiva de tantos profissionais e voluntários ao serviço dos outros, sobretudo dos mais vulneráveis; a Encíclica Fratelli Tutti do Papa Francisco, em plena pandemia como uma vacina para a cura espiritual…

Bendizemos o Senhor por nos dar esta oportunidade de vivermos, como nunca, uma Páscoa existencial tão em sintonia com a Páscoa de Cristo. A luz da Sua paixão, morte e ressurreição mostra-nos um novo rosto da paixão morte e ressurreição da humanidade e do mundo.

3. E por isso, a gratuidade na dádiva da própria vida, no despojamento total de si ao Pai, faz do processo pascal de Jesus- que envolve sofrimento, solidão, condenação e morte – uma história vitoriosa que será consagrada na Ressurreição.

Ressuscitar é viver para servir, até ao derramamento do próprio sangue;

É pôr o outro antes de si próprio;

É ter na força da solidariedade e da justiça as verdadeiras armas para travar todos os combates;

É responder “presente” a todas as linhas da frente.

Por isso as Forças Armadas e Forças de Segurança estão na rota da Páscoa e são caminho de Ressurreição!

Votos de uma Santa e Feliz Páscoa, na alegria e esperança de Cristo Ressuscitado!

+ Rui Valério

Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança