A 29 de Abril, na Basílica dos Mártires, teve lugar a tradicional celebração da Missa de acção de graças e de sufrágio pelos defuntos, no contexto do Dia da Guarda Nacional Republicana.
Participaram o Comandante-Geral e seus oficiais-generais, oficiais, sargentos, guardas e civis que encheram a igreja. O canto esteve à responsabilidade do Coro da Banda da Guarda que primou quer pela qualidade técnico-musical, quer pela sensibilidade litúrgica.
A Missa foi presidida por D. Manuel Linda que, a partir das leituras, frisou: “A metáfora da luz percorre toda a Sagrada Escritura, desde o acto da criação que começou por separar a luz das trevas, até «à Mulher vestida de sol, coroada de estrelas na fronte e com a lua a seus pés». Como que para nos dizer que, estar do lado de Deus é alargar os espaços da luz para que se reduzam os das trevas. Na vossa actividade, caros militares da Guarda, fazeis isso mesmo: evitais que as trevas do mal sufoquem e aniquilem a harmonia da luz. Por isso, mesmo que disso não vos deis conta, ajudais a fazer com que a nossa história seja uma história de salvação”.
Como se comemoravam os trinta anos da declaração de Nossa Senhora do Carmo como padroeira da Guarda, o Capelão Adjunto, P. Agostinho Freitas, referiu esta efeméride com as palavras que aqui se transcrevem:
O desejo de criação do Serviço de Assistência Religiosa da Guarda, que foi desencadeado por um convite de 8 de Setembro de 1982, para a Guarda participar na 1.ª Peregrinação Militar Nacional ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, levou à nomeação do Capelão Manuel Gonçalves Pedro e, por proposta deste, dos Capelães Almeida e Pinho, que constituiriam a Chefia do Serviço de Assistência Religiosa da Guarda, criada pelo Decreto-Lei orgânico de 14 de Julho de 1983. Três anos depois, esta Chefia irá propor ao Comando da Guarda que, cito, “seja a Guarda colocada sob o valiosíssimo patrocínio de Nossa Senhora, com o título de Nossa Senhora do Carmo”. A Guarda, com entusiasmo, acolheu a proposta.
Por intermédio do Cardeal Patriarca de Lisboa, na qualidade de Ordinário Militar para Portugal, seguiu para a Santa Sé o pedido da formal proclamação da Padroeira. O Papa João Paulo II, em 26 de fevereiro de 1986, confirma Nossa Senhora do Carmo “como padroeira, junto de Deus, dos Militares que zelam pelas pessoas e bens, chamados “Guarda Nacional Republicana”.
Integrada nas celebrações do 75.º aniversário da Guarda, a solene cerimónia de proclamação ocorreu na Igreja de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, no dia 4 de maio de 1986, na qual o General Comandante-Geral disse: Ajudai-nos, SENHORA, a estar sempre prontos na defesa desta Pátria que é nossa e Vossa terra”.
À entrada da Imagem da Padroeira no Quartel do Carmo, o seu Comandante, o Chefe de Estado-Maior da Guarda, disse: “Senhora do Carmo e Nossa Padroeira! De novo, estais na Vossa casa! Foi um militar que, cumprindo uma promessa, a construiu para Vós. De novo, são militares que, com júbilo incontido, Vos recebem”
Evoca-se, nesta celebração, os 30 anos de presença constante da Padroeira onde a Guarda dedicadamente serve a pessoa humana, quer no território nacional quer em cenários internacionais através das suas Forças Destacadas. Uma inspiradora e pedagógica presença reafirmando à Guarda que, cada vez mais, seja determinada, próxima, humana, generosa, depositária de valores e inspiradora de confiança. Mas é sobretudo uma presença confidente que bem poderia ser expressa nas palavras de Pessoa: Nossa Senhora do Silêncio (entenda-se: Carmo) Talvez seja nos teus olhos, encostando a minha face à tua, que lerei essas paisagens impossíveis, esses tédios falsos, esses sentimentos que habitam a sombra dos meus cansaços e as grutas dos meus desassossegos… Debruço-me sobre o teu rosto branco nas águas nocturnas do meu desassossego”.
Estamos em acção de graças pelo centésimo quinto aniversário da Guarda Nacional Republicana; permanecemos também em acção de graças por estes 30 anos de padroado de Nossa Senhora do Carmo.
Nesta celebração, ao Senhor da Vida e à Padroeira da Guarda, se confiam os militares e civis da Guarda e suas famílias especialmente todos os que sofrem por “chagas” de qualquer natureza…E se evoca e reza pelos que já partiram para a Casa do Pai.
Junto à imagem da Padroeira, iluminada por luz que representa os “Esplendores da luz Perpétua” na qual “descansam em Paz” os que foram fiéis, está a lista de todos os militares e civis que morreram desde o último aniversário da Guarda. São 287 que se encontravam nas situações de activo (13), reserva (29) e reforma (245).
P. Agostinho Freitas