A Guarda Nacional Republicana, conforme a tradição, homenageou hoje, 16 de julho, a sua Padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Pelas 10H00 o andor da Padroeira saiu do Comando Geral da Guarda Nacional Republicana, antigo Convento do Carmo, Lisboa, sendo-Lhe prestadas honras militares.
Depois de realizado um breve percurso processional no Chiado, D. Rui Valério, Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, presidiu à Missa nas Ruinas do Carmo, antiga Igreja do antigo Convento do Carmo.
Na sua homilia o prelado convidou os presentes a elevar o olhar para Maria, Nossa Senhora do Carmo, que “sob o seu escapulário protetor, abriga todos aqueles que a procuram para encontrar refúgio seguro e amparo certo contra as forças que, por vezes, ameaçam a integridade humana, profissional, patriótica” tal como a GNR “com a sua dedicação e entrega, tem oferecido incessantemente e com simplicidade, sem outro motivo que não seja a paixão pelo bem de toda a Grei, o seu escapulário de segurança indubitável e de proteção incansável a todos, sem exceção alguma, sem qualquer tipo de discriminação”.
Focando-se depois na figura de Elias, que nos seu tempo teve coragem de denunciar a falsidade dos ídolos e dos seus adoradores diante da verdade de Deus, o Bispo Castrense sublinhou a paixão pela verdade de Deus e da humanidade, que Nossa Senhora do Carmo sempre sustentou, e que a levou a aceitar inteiramente a misteriosa obra salvífica de Deus e que a libertou para poder “denunciar a falsidade e a exploração do homem pelo homem, como sucede no seu famoso e surpreendente cântico conhecido como Magnificat, no qual declara que a Santidade é a verdade de Deus, que Ele manifestou o seu poder dispersando os soberbos e derrubando os poderosos de seus tronos e exaltando os humildes”. Maria revelou assim “que o amor à verdade se traduz na ação concreta da solidariedade, bem como na vivência da liberdade enquanto responsabilidade para com os nossos companheiros na viagem da vida”. É esta mesma atitude que também revelou a GNR, como um “firme baluarte na afirmação e salvaguarda da verdade”.
“Foi essa paixão pela verdade que vos tornou arautos da liberdade e da solidariedade. Por isso, neste dia, sob o olhar ancestral destas pedras e de todas as memórias que guardam, elevemos os nossos vivos agradecimentos ao Alto por nos ser concedida a honra de agir sempre como discípulos da verdade, alicerces da liberdade e da solidariedade e nos ter inspirado, na afirmação do estado de direito, a implementar a justiça e a segurança entre os homens”.
O Sim de Maria que reconciliou “Deus e a humanidade“, “o Céu e a Terra” e que “faz daqueles que a Ela vivem unidos verdadeiras pontes de comunhão, de encontro e de serviço“, manifesta-se também, segundo D. Rui Valério, na Guarda Nacional Republicana: “Desde a primeira hora da sua existência, a GNR foi pioneira em criar e estabelecer ligações com todos os lugares e lugarejos do país, de que dão testemunho os seus míticos Postos espalhados e presentes em todas as recônditas povoações de Portugal. Hoje, sob o novo e dramático contexto dos fluxos migratórios e dos milhares de refugiados que chegam à Europa, a GNR, fiel ao seu princípio mariano de hospitalidade, está presente para acolher, encaminhar e garantir as condições indispensáveis, a que todo o ser humano tem direito. Sois vós a melhor garantia de humanização das relações e de acolhimento dos desventurados.”
O Responsável pela Diocese Castrense continuava depois a sua meditação, colocando o seu olhar no Evangelho, “um dos momentos mais trágicos que tiveram lugar à face da terra: a morte do mais inocente de todos os seres humanos”. Maria não abandonou o seu Filho naquele momento – “Quando todos O haviam abandonado, permaneceu Ela, firme, segura, tranquila. Quando todos abandonaram Aquele que era a encarnação da vulnerabilidade, Nossa Senhora permaneceu, fiel à Sua missão de mãe e ao seu amor para com Aquele Filho. Ela ficou, não fugiu, não O abandonou, muito embora essa sua fidelidade à missão de Mãe Lhe pudesse ter custado a própria vida.” E esta “esta arte e vocação” foi comunicada aos seus filhos da GNR. “Também eles não desistem de nenhum abandonado, ferido ou maltratado, antes perpetuam no tempo o reconfortante bálsamo de assistir a quem necessita, de acudir a quem brada por socorro. Ao longo da sua história, Portugal habituou-se a ver sempre em vós uma presença constante ao lado dos mais frágeis e vulneráveis, qual fonte de salvaguarda do direito, da justiça e do respeito pela dignidade humana.”
D. Rui terminava aludindo ao exemplo de Nun’Álvares Pereira, São Nuno de Santa Maria, “que nos inspira na sabedoria de fazer de cada Posto da nossa presença e ação um Carmelo de atenção e vigilância“, pedindo: “Façamos da nossa vida, da nossa vocação e da nossa Missão um lugar de encontro e de comunhão.“
Participou nesta cerimónia o General Comandante Geral, altas entidades civis convidadas, Oficiais Generais, Comandantes das Unidades de Lisboa, Diretores, Chefes de Serviço, Oficiais, Sargentos, Guardas e Civis da Guarda Nacional Republicana e dezenas de outras pessoas civis, especialmente pertencentes à Ordem Terceira do Carmo, sedeada no Largo do Carmo, Ordem secular que se associou à Guarda nesta homenagem.
Estiveram presentes os estandartes das unidades da Guarda aquarteladas na área de Lisboa, a charanga a cavalo encabeçou o cortejo processional, o coro da Guarda teve a seu cargo a animação Litúrgica e a Fanfarra tocou o toque de continência no regresso da imagem da Padroeira ao Comando Geral e os toques de continência e de Homenagem aos Mortos na Celebração Eucarística.