Extraordinária! Digna da mais nobre história! É assim que se pode classificar a celebração da Missa comemorativa dos sete séculos da Marinha.

A soleníssima Eucaristia de acção de graças decorreu nos Jerónimos, local onde estão sepultados Vasco da Gama e Camões. Marcaram presença o Chefe de Estado-Maior-General das Forças Armadas, o Chefe de Estado-Maior da Armada, representantes dos outros Ramos, os dois Directores-Gerais do Ministério da Defesa Nacional e cerca de setecentos militares e civis que quase encheram este nobre templo.

A presença dos guiões de todas as Unidades da Marinha, um notável coro litúrgico com instrumental, os sempre sentidos toques, os concelebrantes originários de todos os Ramos e Forças de Segurança e todo o contexto da celebração tornaram esta Eucaristia digna de figurar nos anais da Armada Portuguesa.

Logo no início, o Capelão Adjunto para a Marinha, P. José Ilídio Costa, pronunciou as seguintes palavras de ambientação:

“A Marinha de Guerra Portuguesa foi formalmente criada no dia 01 de fevereiro de 1317, por Carta régia de D. Dinis. Este importante documento, estabelece pela primeira vez a organização permanente da Marinha e nomeia o genovês Manuel Pessanha como Almirante do Reino de Portugal.

Ao longo destes 700 anos a Marinha esteve sempre presente e assumiu um papel fundamental nos grandes acontecimentos nacionais ao serviço de Portugal e dos portugueses.

No âmbito de múltiplas atividades quisemos também celebrar esta Eucaristia de ação de graças por tudo o que Deus nos tem concedido e ao mesmo tempo para podermos homenagear e sufragar os militares, militarizados e civis que serviram Portugal na Marinha.

Neste lugar de grande fervor nacional queremos sublinhar que somos uma instituição que continua a preservar a boa memória em relação a todos os que nos pertenceram.

Esta boa memória no dizer do Papa Francisco é um “exercício incomum entre nós” tão marcados estamos pela cultura do imediato e do efémero.

No texto abaixo – que não é meu – exercitamos o que há de mais profundo em nós nesta certeza da presença de um Deus que caminha connosco.

“Senhor que aplacastes com gesto soberano as tempestades fazei-nos aprender a lição das ondas:

 Que cada um dos nossos recuos seja um esforço para novo avanço.

 E na hora da tempestade dai-nos fé e mostrai-nos que convosco não há naufrágios.

 Conduzi a nossa mão presa ao leme para que cheguemos ao porto da paz e da alegria

que preparastes para o fim da nossa longa viagem.”

Que Tua mãe e Nossa Senhora do Mar seja sempre a nossa poderosa intercessora”.

Presidiu o senhor bispo que, na homilia, comentou a passagem bíblica do livro de Ben-Sirá que se inicia deste modo: “Celebremos os louvores dos homens ilustres. O Senhor manifestou neles a sua glória”. Acentuou a diferença entre glória e celebridade, para apelar aos homens e mulheres que constituem a Marinha que sejam discretos, dedicados aos outros, virtuosos e abertos ao Transcendente.