Iniciaram-se ontem, 24 de maio, as comemorações do 108º Aniversário do Instituto dos Pupilos do Exército
Já hoje, dia 25, depois da Cerimónia Militar na Praça do Império e do Desfile do Batalhão Escolar, seguiu-se a Missa na Igreja de Santa Maria de Belém, nos Jerónimos.
O Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Rui Valério, presidiu à Celebração.
Na sua homilia, o prelado refletiu sobre três palavras que sintetizam, segundo ele, a missão do IPE: admiração, liberdade e esperança.
Olhando para a Primeira Leitura, fixou-se na relação entre Paulo enquanto mestre de Timóteo, para refletir sobre a relação aluno-professor. “Timóteo nutre grande admiração por São Paulo, de quem se torna discípulo e companheiro. Admira no Mestre a temeridade, a audácia, a coragem, enfim, a grandeza“, e isto porque Paulo foi capaz de “rasgar os horizontes da existência do discípulo Timóteo.” Aqui está, segundo D. Rui, a característica base do Mestre, “alguém que é capaz de interpretar a história e o mundo do ponto de vista da eternidade, do ponto de vista do que é absoluto, do que não é efémero, nem passageiro, alguém que consegue a proeza de elevar o olhar e o interesse do discípulo muito para além do contingente, do imediato, do efémero, do mesquinho.”
“A história dos Pupilos do Exército é a prova cabal de que a vossa escola tem proporcionado aos seus alunos essa grandeza de horizontes. Tanto os alunos do passado como os do presente são os frutos que provam a presença de verdadeiros Mestres nesta Instituição; mestres que rasgaram vastíssimos horizontes, concretizados em valores de autêntica cidadania e opções profissionais de serviço aos outros e a Portugal“, afirmava.
Debruçando-se depois sobre o Evangelho, o Ordinário Castrense apontava as diferenças entre a mensagem de paz e de amor de Jesus do sistema de valores dominante no mundo de então, que O levou a afirmar «Vós não sois do mundo»: “A escala de valores em ação no mundo não se adequa, de modo algum, à escala de valores inerente à visão cristã da vida. Não é possível pactuar com a injustiça, a violência, a cobiça e o ódio ao outro e dizer-se cristão. A opção por Cristo é diametralmente oposta à inveja, à traição e ao egoísmo que grassam um pouco por todo o lado. Abraçar esse repto pode-nos levar ao heroico ato de não estar na moda, de não condescender a todo o custo com a maioria. Coragem! Se pela prática dos valores que sustentam a vossa vida e configuram a vosso agir — como a verdade, a honra, a dedicação — forem considerados estranhos ao mundo onde prolifera a corrupção, a mentira, o populismo, tende coragem, aceitai essa diferença. Orgulhai-vos de ouvir que também vós Pupilos não sois deste mundo nem com ele pactuais, quando por “mundo” se entende o egoísmo, a indiferença, a desonestidade, a injustiça… O próprio Mundo, e Portugal concretamente, necessita urgentemente de mulheres e homens que, não pactuando com os contravalores do mundo, o podem e devem transformar. Esta é a vossa vocação e missão: serem Pupilos na escola dos valores Éticos para se tornarem Mestres de humanidade.”
Concluía encorajando os Pupilos a não terem medo “de ser a diferença em relação à generalidade das pessoas…porque optar por Cristo é desenvolver relações pessoais realmente humanas, onde todos cabem, tanto os mais bonitos como os menos bonitos, os mais simpáticos ou os menos simpáticos, os que partilham a mesma religião e os que adotam outras crenças, os que se incluem nas fronteiras da nação onde nascemos como aqueles que, tendo nascido em outras latitudes, são igualmente humanos como nós. Esta é a essência do cristianismo e do humanismo.”
Estiveram presentes o Presidente da República, Profº Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, Almirante António Silva Ribeiro, a Secretária de Estado da Defesa Nacional, Profª Dra. Ana Santos Pinho, o Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca, o Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante António Mendes Calado, o Vice-Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Major General José Augusto de Barros Ferreira, o Diretor do Instituto dos Pupilos do Exército, Coronel Miranda Soares, o Diretor do Colégio Militar, Coronel António Salgueiro, o Comandante do Colégio Militar de Porto Alegre/Brasil, Coronel Faulstich Alves, os Docentes, militares, civis, alunos e antigos alunos dos Pupilos do Exército e muitos outros convidados.
Os antecedentes do IPE remontam a 1911, quando, por Decreto-Lei de 25 de Maio e por inspiração do General António Xavier Correia Barreto, ao tempo Ministro da Guerra, foi criado o “Instituto Profissional dos Pupilos do Exército de Terra e Mar”.