Inserida nas comemorações do 100º aniversário do Armistício da Primeira Grande Guerra, realizou-se hoje, dia 6 de novembro, uma Celebração Litúrgica na Igreja de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, presidida pelo Bispo do Porto e Administrador Apostólico da Diocese das Forças Armadas e de Segurança, D. Manuel Linda e concelebrada pelo Núncio Apostólico, D. Rino Passigato, e muitos capelães que servem no Ordinariato Castrense.

A Cerimónia serviu para sufragar todos os militares e civis que serviram Portugal nas Forças Armadas desde o início da nacionalidade, recordando, de um modo especial, os que combateram na Primeira Grande Guerra.

Na sua homilia o prelado salientou, a partir das Leituras proclamadas, que os militares, atendendo ao seu “espírito de corpo”, nunca esquecem aqueles que partem e, por isso mesmo, rezam, convictos de que as medalhas e os louvores não bastam para honrar a sua memória, uma vez que “é na ordem do religioso que encontra sentido aquilo que humanamente não tem sentido, porque a morte, humanamente falando, não tem nenhum sentido. Encontra sentido no religioso, em Jesus Cristo, aquilo que noutro âmbito não encontramos.”

Depois, referindo-se à Primeira Grande Guerra como um momento de tanta morte e tanto sofrimento “e como o homem parece ser o único animal que tropeça duas vezes na mesma pedra e para que não tropece uma terceira vez”, falou nos aspetos que devem ser tidos em conta para a criação de uma nova cultura, para que a Europa continue a ser exemplo para todo o mundo. Os sinais de desagregação que hoje se sentem, como a economia, que transformou a Europa numa espécie de “Bazar Oriental” onde quem tem mais poder impõem o preço aos outros, faltam os valores do humanismo cristão, que hoje começam a ser postos em causa levando à ausência de uma matriz que conduz ao regresso dos nacionalismos, individualismos (eu first) e a construção de uma nova identidade por oposição à antiga. Mas se a antiga era de abertura e de inclusão, a nova é de exclusão onde o Bem Comum não conta, como no caso das Migrações. “A Europa tem então de recuperar os valores, que alguns querem ofuscar, para continuar a ser uma zona de paz e um instrumento de paz no mundo.” Concluía referindo as diversas Missões de Paz nas quais os militares portugueses participam e pedia “o contributo de todos os militares e polícias de Portugal, como homens e mulheres de boa vontade, que criemos esta cultura da abertura e fraternidade e que em memória dos tantos milhões de vítimas, que as duas guerras, que nós, os europeus, criamos e exportamos, por tantos milhões de vítimas, haja um futuro de diferença, e que esse futuro seja construído à base dos valores mais humanos”.

Participaram na Celebração o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, a Secretária de Estado da Defesa Nacional e a Secretária Adjunta e da Administração Interna, o Chefe de Estado Maior do Exército e da Força Aérea e o Vice Chefe do Estado Maior da Armada, Deputados, o Chefe da Casa Militar da Presidência da República, o Diretor Nacional da Polícia de Segurança Pública, o 2º Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana e o Presidente da Liga dos Combatentes, entre muitos outros militares e civis.

A Celebração contou com uma Guarda de Honra ao Altar constituída por cadetes dos três Ramos das Forças Armadas e das Forças de Segurança e a Animação Litúrgica esteve a cargo do Coro da Marinha e alguns alunos dos Pupilos do Exército e do Colégio Militar serviram ao altar como acólitos. Os Toques de Homenagem aos Mortos foi executado pela Fanfarra do Exército e os principais Órgãos das Forças Armadas e das Forças de Segurança estavam representados pelos seus Estandartes.