É a Vida de Oração que sustenta a nossa capacidade de entrega à Missão
O Senhor Ressuscitado atrai-nos a si e deseja partilhar a nossa vida, mas sobretudo a nossa presença e companhia. Os tempos que estamos a viver constituíram uma oportunidade para tomarmos consciência, nós e a sociedade, de quão decisivas para a vida e organização do país são as Forças Armadas e as Forças de Segurança.
Agradecemos ao Senhor da Paz o dom da força e da vontade de levar a defesa dos Portugueses e a salvaguarda da sua vida e dignidade a momentos de autêntico heroísmo por parte daquelas e daqueles que se entregaram e continuam a entregar à causa de uma vida mais digna para todos os cidadãos, independentemente da idade, religião, estatuto ou condição social. Agradecemos este tempo onde o ser Militar e o ser Elemento das Forças de Segurança significa «servir». Agradecemos a grandeza do nosso título de honra que é estar ao serviço de Portugal e dos portugueses.
Estamos convictos de que há uma estreita relação entre a capacidade de entrega à missão, tanto dos militares como dos agentes das forças de segurança, e a vida de oração que sustenta a nossa ação. Assim, acreditamos que a comunhão com Deus — vivida em tantos momentos de oração, seja nas nossas casas e famílias, seja nas capelas e igrejas das nossas Unidades, ou quando nos encontramos na frente da missão no serviço de solidariedade ou no cumprimento do dever para que aos portugueses seja garantida a segurança e a proteção não lhes falte — foi e é a sustentação da solicitude que as FA e FS têm demonstrado no combate à pandemia e aos seus efeitos, sobretudo sociais.
Assim, é com renovada alegria que nos preparamos para recomeçar as celebrações comunitárias. A participação presencial dos crentes nas ações celebrativas reveste-se de elevadíssimo valor. De facto, a importância do corpo na vida espiritual está inscrita logo nos primórdios da fé cristã quando o Verbo eterno de Deus se fez carne e habitou entre nós. É por isso que o cristianismo sempre defendeu a dimensão corporal da ressurreição, não se contentando com a afirmação grega da imortalidade da alma. Somos corpo que necessita de se manifestar aos outros, de se encontrar com eles e com eles percorrer o caminho da fé. A importância da dimensão comunitária da nossa presença no espaço e tempo real da celebração realiza a dimensão histórica da fé. Não é por acaso que o Papa Francisco não cessa de chamar a atenção para o perigo do gnosticismo que encontra terreno propício precisamente nas modalidades vividas durante a pandemia, ou seja, numa fé sem encontro concreto e real, num espaço determinado, no contacto com os irmãos.
Por isso, ao mesmo tempo que damos graças a Deus por ter chegado a hora de nos reencontrarmos no espaço comunitário do corpo de Cristo, ou seja, nas celebrações comunitárias da fé, convido cada um a tudo fazer para recomeçar a sua vivência presencial naquela que é a mais determinante e suprema ação de amor de Cristo por nós que se realiza sacramentalmente na dádiva da sua vida e na entrega do seu corpo e sangue para nossa salvação. Eis a beleza da Eucaristia.
Por isso, sejam todos bem-vindos!
Seguem algumas indicações sobre as necessárias precauções a observar na celebração comunitária da Eucaristia. A referência das mesmas são as Orientações da CEP que procurámos atualizar para a nossa realidade.
+ Rui Valério
Bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança
Lisboa, 19 de maio de 2020
ANTES DA MISSA
1. Os Militares que participam na Honra-do-Altar devem respeitar o distanciamento recomendado.
2. Pede-se aos fiéis que estão ou se sentem doentes que não vão à Missa. No respeito pelas diretivas das autoridades de saúde, poderão receber a comunhão em suas casas recorrendo ao serviço dos ministros extraordinários da Comunhão, logo que possível, devendo observar as mesmas regras de higienização da Comunhão na Missa dominical.
3. Convidam-se fiéis pertencentes a grupos de risco a não frequentar a Missa dominical; por razões imperiosas, poderão ir à Missa durante a semana, em que há menos fiéis.
4. As Unidades, tanto militares, como das forças de segurança deverão organizar equipas de acolhimento e ordem que auxiliem os participantes no cumprimento das normas de proteção.
5. Sempre que possível, as portas de entrada de igrejas, capelas ou outros locais da celebração sejam distintas das de saída e haverá percursos sinalizados de sentido único de modo a evitar que as pessoas se cruzem.
6. Os fiéis devem higienizar as mãos à entrada da igreja com um produto desinfetante. As pessoas a quem a comunidade cristã confia esta tarefa porão à disposição frascos dispensadores com uma quantidade suficiente de produto desinfetante e verificarão que todos, sem exceção, desinfetam as mãos.
7. É obrigatório o uso de máscara, a qual só deverá ser retirada no momento da receção da Comunhão eucarística.
8. Deve respeitar-se a distância mínima de segurança entre participantes de modo que cada fiel disponha, só para si, de um espaço mínimo de 4m2; deve garantir-se, com medidas adequadas, que as distâncias necessárias sejam respeitadas (por ex.: barrando acesso a alguns bancos ou alternando as filas, afastando cadeiras; marcando os lugares com cores ou outra sinalética). A regra do distanciamento não se aplica a pessoas da mesma família ou que vivam na mesma casa.
9. As portas do local onde decorre a celebração, devem permanecer abertas durante todo o tempo em que decorrer a celebração.
DURANTE A MISSA
10. Os fiéis ocupam os lugares previstos, mantendo as distâncias estabelecidas, sob a supervisão das pessoas a quem a comunidade cristã confia esta tarefa.
11. Os fiéis que sintam algum mal-estar durante alguma celebração devem sair imediatamente, acompanhadas pelas pessoas que a comunidade cristã tiver designado.
12. Os leitores e cantores desinfetarão as mãos antes e depois de tocarem no ambão ou nos livros. Não haverá folha de cânticos nem se distribuirão desdobráveis com as leituras ou qualquer outro objeto ou papel.
13. O sacerdote e o diácono, se estiver presente, desinfetarão as mãos antes da apresentação dos dons. Apenas o sacerdote e o diácono (não os acólitos) pegam nas oferendas e nos vasos sagrados.
14. O cálice e a patena deverão estar cobertos com a respetiva pala, apenas se destapando no momento em que o sacerdote celebrante os toma nas suas mãos para a consagração; as píxides devem manter-se fechadas com a respetiva tampa.
15. Mantem-se o toque do clarim de homenagem aos militares mortos. No entanto, terá de ter um distanciamento de sete metros em relação à pessoa mais próxima.
16. O gesto de paz, que é facultativo, continua suspenso.
17. Na procissão para a Comunhão, os fiéis devem respeitar o distanciamento aconselhado. Se for o caso, marcar-se-ão as distâncias no pavimento da igreja. Sendo inevitável uma maior proximidade, os ministros que a distribuem usarão máscara.
18. O diálogo individual da Comunhão («Corpo de Cristo». – «Amen.») pronunciar-se-á de forma coletiva depois da resposta «Senhor, eu não sou digno…», distribuindo-se a Eucaristia em silêncio.
19. Na receção da Comunhão, observem-se as normas de segurança e de saúde, nomeadamente em relação ao distanciamento físico entre os comungantes e à higienização das mãos.
20. Continua a não se ministrar a comunhão na boca e pelo cálice. Eventuais concelebrantes e diáconos comungam do cálice por intinção.
DEPOIS DA MISSA
21. Os fiéis deixam a igreja/lugar da celebração, segundo o modo tradicional que vigora nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, isto é, respeitando-se o posto hierárquico na ordem de saída e as regras de distanciamento.
22. Após a Missa, proceda-se ao arejamento da igreja durante pelo menos 30 minutos e os pontos de contacto (vasos sagrados, livros litúrgicos, objetos, bancos, puxadores e maçanetas das portas, instalações sanitárias) devem ser cuidadosamente desinfetados.