Na tarde do dia 6 de Novembro, memória litúrgica do «herói e santo», primeiro aniversário da inauguração da sua estátua, prestou-se-lhe merecida homenagem.

Do programa oficial do evento, destaque para a presença de representantes de todos os Ramos das Forças Armadas, da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública e de muitas entidades civis. A guarda de honra foi assegurada por cadetes das três academias militares e elementos, a cavalo, da Unidade de Segurança e Honras de Estado, da Guarda Nacional Republicana, ostentavam réplicas das bandeiras nacionais desde a fundação da nacionalidade até hoje.

A cerimónia decorreu no topo da Avenida do Restelo, em Lisboa. Constou da colocação de uma coroa de flores e alocuções alusivas à efeméride: uma evocação histórica pelo TCor Pires Lousada; um testemunho pelo Bispo das Forças Armadas e de Segurança; o encerramento, pelo Presidente da Comissão, D. Nuno Van Uden.

Na sua intervenção, com o título “Os dois amores” de São Nuno de Santa Maria, D. Manuel Linda falou no modelo de sociedade preconizado por aquele que serviu o povo como condestável, como deputado às cortes de Lisboa e como esmoler do Carmo e criador do «Caldeirão», uma espécie de «sopa dos pobres» da altura. E mostrou como servindo o povo, serviu a Deus, pois, como diz a Sagrada Escritura, ninguém pode dizer que ama a Deus, que não vê, se não a amor o próximo, que vê”.

Segundo o senhor bispo, esse modelo de sociedade, baseado da doutrina humanista da «Margna charta» inglesa, assentava nos seguintes pressupostos que continuam a ser válidos para os dias de hoje: “um sistema jurídico ajustado à defesa do que hoje chamaríamos os direitos, liberdades e garantias, evitando, assim, a arbitrariedade do poder executivo e as possibilidades de fugas à lei; liberdade humana assente em alguma possessão económica –propriedade privada- a ponto de distribuir as suas imensas propriedades pelos antigos companheiros de armas e pelo povo; elevação moral do tonus moral da sociedade, traduzido nos grandes valores do cristianismo, quais sejam a solidariedade, a paz, a participação, a colaboração e o despojamento interior e exterior; e o esforço de a todos unir num sadio projecto colectivo, em detrimento do divisionismo dos «temas fracturantes», que também já os havia naquele tempo”.

  1. Manuel Linda fez a contraposição entre este modelo eminentemente humanista e o absolutismo de Estado, que já se antevia naquela altura. Referiu o século XX como o mais trágico, em virtude desse absolutismo (comunismo soviético, fascismo e nazismo) e ressaltou que esse perigoso absolutismo não desapareceu. Basta ver o que se passa com o tema da educação: o Estado considera as escolas privadas como subsidiárias do sistema público de ensino, quando deveria ser exactamente o contrário. É que histórica e axiologicamente, a sociedade é anterior ao Estado. Doutra forma, o Estado passa a ser senhor da vida e da morte da sociedade.