O costumado encontro de inícios da quaresma de famílias de militares e polícias realizou-se no AT1 (Figo Maduro), a 25 de Fevereiro. Esteve em destaque o tema da relação da família com a doença e/ou a velhice

Orientou a reflexão o casal Dias da Silva (a Inês e o Gonçalo), prémio “Família Numerosa Europeia do Ano” de 2017. Este jovem casal tem quatro filhos: três perfeitamente saudáveis e um portador de uma doença genética rara incapacitante. O testemunho sobre a doença na família não era dado, portanto, como algo de abstracto, mas como realidade experimentada há seis anos, tantos quantos tem o Pedro.

 

A preciosidade da vida do doente

 

Com uma comunicação testemunhal muito viva, os conferencistas acentuaram a tónica de que nem a doença nem a saúde definem a pessoa: esta é pessoa seja ou não portadora de saúde. E ponto final. Infelizmente, nem sempre é esta a percepção de algumas estruturas, especialmente hospitalares, que quase sempre recomendam o aborto do portador de doença incurável ou mal-formado, se descoberto a tempo. Porém, ao contrário da comunicação cor-de-rosa, a Igreja não mente: essa é que, na fórmula do consentimento, no matrimónio, pede o compromisso de fidelidade, de amor e de respeito “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida”. Isto é, em qualquer circunstância e durante toda a existência.

O casal orientador referiu, frequentemente, a vida do Pedro como um dom: “Percebemos que ninguém o queria. Mesmo nós, se não tivéssemos cuidado, corríamos esse perigo. Mas tomamos consciência de que, o que o Senhor nos deu, é o melhor para nós. E, de facto, a vida do Pedro é preciosa: ela mudou o nosso coração bem como o coração de muitos outros membros das nossas famílias. Por isso, podem retirar os crucifixos dos hospitais. Mas Jesus permanece lá: nos doentes. E ou a pessoa se agarra à cruz –neste caso, à cruz de Jesus presente na cruz do doente- ou cai no nada”.

 

Uma Igreja de respeito pela vida

 

Na Missa que se lhe seguiu, D. Manuel Linda acentuou o respeito pela vida humana, em qualquer fase da sua existência e para além de qualquer critério utilitarista. Partindo das leituras, afirmou: “A fé judaico-cristã, desde a origem, é uma fé de respeito absoluto pela vida. Para o compreender, o «nosso pai na fé», Abraão, foi terminantemente proibido de sacrificar o filho Isaac. Mesmo que lhe parecesse que isso seria bom. E o grande estruturador do povo judaico, Moisés, deixou-nos os mandamentos, de entre os quais chama a atenção aquele que é formulado por apenas uma palavra, juntamente com a negativa: “Não matarás”. Foi esta persuasão que modelou o humanismo da nossa cultura Ocidental. E que Jesus sublinhou na cena da transfiguração: antes do escândalo da Sua morte na sexta-feira santa, o «verdadeiro Deus e verdadeiro homem» alertou os discípulos de que a última palavra chama-se vida e vida em plenitude. A Páscoa é isto mesmo. Ora, no seguimento de todas estas referências, a Igreja não seria fiel ao seu Fundador se menosprezasse a vida, se a não defendesse e promovesse, convictamente, desde a concepção até à morte natural”.

O encontro terminou com o convívio que se seguiu ao almoço. E todos se mostraram contentes com o tema e o espaço usado pela primeira vez: o Aeródromo de Transito Nº 1, de Figo Maduro.

Capela do AT1