Cerimónia decorreu na presença dos ministros da Defesa e da Administração Interna

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Lisboa, 03 dez 2018 (Ecclesia) – D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas e de Segurança, tomou hoje posse como capelão-chefe da Igreja Católica, em Lisboa, prometendo “lealdade cooperante” com as autoridades do Estado.

Falando no Salão Nobre do Ministério da Defesa Nacional, perante os ministros da Defesa, João Gomes Cravinho, e da Administração Interna, Eduardo Cabrita, o novo bispo, ordenado a 25 de novembro, assumiu um “compromisso com a promoção e salvaguarda da dignidade humana”.

D. Rui Valério mostrou a intenção de responder “com alento a quem demonstra desmotivação”, no respeito pelo “bem tão precioso” da separação Igreja-Estado, ao serviço das Forças Armadas e de Segurança, das quais sublinhou a elevada “estatura moral e patriótica”.

Em declarações aos jornalistas, numa cerimónia acompanhada pela Agência ECCLESIA, o bispo prometeu uma “atitude de proximidade, de presença”, para acompanhar todos “nos momentos de alegria e de sofrimento”.

Para o responsável católico, os membros das Armadas e de Segurança vivem muitas vezes situações-limite que levam “a uma interrogação sobre as coordenadas e os padrões da existência”.

“Estamos a falar de mulheres e homens que acalentam, nas suas estruturas, valores, princípios, caráter. São pessoas voltadas para grandes princípios, grandes valores”, precisou.

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O novo responsável perspetiva um mês de dezembro com presença junto de várias unidades, em Portugal, para celebrar o Natal, projetando, para um futuro mais distante, uma visita a contingentes que servem “além fronteiras”.

“O próprio Ministro da Defesa já me fez presente esse aspeto”, observou.

João Gomes Cravinho assinalou, na sua intervenção, o “compromisso de significativa responsabilidade” que implica assegurar assistência religiosa a quem o pede, desejando a cooperação recíproca ao serviço do bem comum, que é “servir Portugal”.

O governante considerou que a assistência religiosa é “necessidade histórica da condição militar”, que está “profundamente enraizada na cultura e na sociedade portuguesa”.

O ministro da Defesa reconheceu com “grande satisfação” a ligação histórica entre as Forças Armadas e a Igreja Católica, agradecendo a dedicação do anterior bispo do setor, D. Manuel Linda, que lidera atualmente a Diocese do Porto.

Já Eduardo Cabrita evocou “quase nove séculos de história comum” de relação entre o Estado e a Igreja Católica, elogiando a “exemplar relação” na Democracia.

O ministro da Administração Interna valorizou a escolha de um “missionário” para a liderança do Ordinariato Castrense, esperando um bispo “próximo” de todos os que, na GNR, na PSP, “garantem a segurança e o bem-estar dos portugueses”

A tomada de posse civil contou com a participação, entre outros, do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente; do núncio apostólico (representante diplomático da Santa Sé), D. Rino Passigato; e dos responsáveis máximos dos vários ramos das Forças Armadas e de Segurança.

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A Capelania-Mor, de acordo com as disposições do artigo 5.º do Decreto-Lei 251/2009, é um órgão de natureza inter-religiosa integrado no Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas e das Forças de Segurança, que assegura o regular funcionamento da assistência e compreende na sua composição um capelão-chefe, por cada confissão professada, que coordena a respetiva assistência religiosa.

A tomada de posse canónica de D. Rui Valério vai acontecer esta terça-feira, numa cerimónia militar na Calçada da Memória, seguida de uma Missa, às 11h00, presidida pelo prelado.

A Igreja Católica coloca sob a jurisdição do Ordinariato Castrense todos os fiéis militares e também aqueles que, por vínculo da lei civil, se encontram ao serviço das Forças Armadas; são também setores integrantes as Forças de Segurança, ou seja, a Guarda Nacional Republicana e a Polícia de Segurança Pública.

HM/OC (Ecclesia)