Padre Luís Leal é o único sacerdote na Polícia de Segurança Pública, apostando na «proximidade»

Foto: PSP

Lisboa, 15 fev 2024 (Ecclesia) – O diretor do Gabinete de Assistência Religiosa da Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou que, apesar de todas as limitações materiais, esta força cumpre a sua missão porque o fator principal “são as pessoas”.

“Esta polícia, que é de pessoas para pessoas, dá sempre o seu melhor, mesmo que, às vezes, o ânimo não seja o ideal, mas podemos contar com eles. E a minha presença é um bocadinho dar este ânimo, por isso é que é assistência, mais do que religiosa”, referiu à Agência ECCLESIA o padre Luís Leal.

Segundo o capelão nacional da PSP, esta força de segurança pode “não ter os melhores meios técnicos, as melhores instalações, as melhores ferramentas para trabalhar”, mas tem “aquilo que é o principal, que são as pessoas”.

No âmbito das reivindicações de agentes da Polícia de Segurança Pública em relação ao Governo, o sacerdote observa que “há dimensões mesmo económicas, e não só, que são de justiça”, e tem demonstrado, tanto quanto pode, a sua solidariedade “com todos, porque esta luta não é só dos agentes, dos chefes, dos oficiais, é de todos”.

“Nunca houve, para uma causa reivindicativa, tanta união, o que é também um sinal muito importante. E tenho mostrado, de várias formas, esta solidariedade e presença, e oração também, que é aquilo que eu melhor posso fazer e sei neste caminho”, acrescentou.

O padre Luís Leal explica que compreende “as várias dimensões dos graus da hierarquia”, que muitas vezes a base tem esta dificuldade, como as chefias também têm “a dificuldade de gestão, de comandar, e comandar bem, e tentar que estes movimentos também não extravasem aquilo que não devem”.

“As pessoas podem confiar na polícia, mesmo no meio deste turbilhão, sabem que podem confiar e que a polícia estará lá, às vezes, com prejuízos de si próprios. E isso é uma grande característica da nossa polícia”, realçou o sacerdote do Patriarcado de Lisboa.

O diretor do Gabinete de Assistência Religiosa da Polícia de Segurança Pública, um “capelão de proximidade”, recorda que a PSP tem passado, ao longo dos tempos, por “momentos difíceis” e aquilo que pedem “é transversal à sociedade, que é a “perca de noção da autoridade”.

“Não no sentido do autoritarismo, mas a necessária autoridade. Ou seja, os pais não têm autoridade, os professores não têm autoridade, as polícias não têm autoridade e isto torna-se quase que algo anárquico. Ao mesmo tempo, muitas vezes, também, a falta de carinho, não é mimar as polícias, eles não querem ser mimados, reconhecimento e respeito pelo trabalho que fazem”, desenvolveu o sacerdote.

Este serviço de Assistência Religiosa da Polícia de Segurança Pública está integrado na Diocese das Forças Armadas e Segurança, mas, neste momento, não tem um “corpo de capelães” e é assegurado pelo padre Luís Leal, que está “disponível para todo o país”, Portugal continental e os Arquipélagos dos Açores e da Madeira, e para as “duas grandes escolas” da PSP, a Escola Prática de Polícia, em Torres Novas, e o Instituto Superior de Ciências Policiais e de Segurança Interna, em Alcântara (Lisboa).

“É repartir um bocadinho por tudo isso e tentar chegar nas várias formas que é possível, até com as tecnologias atuais que nos ajudam e permitem”, acrescentou o no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

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