A GRANDEZA DO AMOR

Hoje, o profeta Isaías apresenta-nos, na primeira leitura, a figura de um “Servo de Deus”, que é ao mesmo tempo o seu eleito, no qual ele se apraz. O Servo agirá com firmeza inabalável, com uma energia que nunca esmorece enquanto ele não realizar a tarefa que lhe foi confiada. Mas, não terá à sua disposição aqueles meios humanos que parecem indispensáveis para a atuação de um plano tão grandioso. Ele apresentar-se-á com a força da convicção, e será o Espírito que Deus lhe conferiu que lhe dará a capacidade de agir com mansidão e com vigor, garantindo-lhe o sucesso final. Que a cada um de nós venha concedida a graça desta força e capacidade.

O Evangelho de hoje conduz-nos a Betânia, onde Lázaro, Marta e Maria oferecem uma ceia ao Mestre (Jo 12, 1). Este banquete em casa dos três amigos de Jesus é caracterizado pelos pressentimentos da morte iminente: os seis dias antes da Páscoa, a sugestão do traidor Judas, a resposta de Jesus que recorda uma das ações piedosas da sepultura antecipada por Maria, a menção de que nem sempre o teriam tido com eles, o propósito de eliminar Lázaro no qual se reflete a vontade de matar Jesus. Nesta narração evangélica, há um gesto sobre o qual gostaria de chamar a atenção: Maria de Betânia “tomando uma libra de perfume de nardo puro, de alto preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-os com os cabelos” (12, 3). O gesto de Maria é a expressão de fé e de amor grandes em relação ao Senhor: para ela não é suficiente lavar os pés do Mestre com a água, mas unge-os com uma grande quantidade de perfume precioso, que – como contestará Judas – se poderia ter vendido por trezentos denários; não ungiu a cabeça, como era costume, mas os pés: Maria oferece a Jesus quanto tem de mais precioso e com um gesto de devoção profunda. O amor não calcula, não mede, não olha a despesas, não levanta barreiras, mas sabe doar com alegria, procura só o bem do outro, vence a mesquinhez, a avareza, os ressentimentos, os fechamentos que o homem por vezes leva no seu coração.

Também hoje, no contexto da atual pandemia, os profissionais de saúde, Forças Armadas e Forças de Segurança, tantas mulheres e homens de boa vontade dão continuidade à grandeza do amor através do serviço aos outros e por eles estão a arriscar a própria vida. Deus os ajude e proteja.

Santo Agostinho, no Sermão no qual comenta este trecho evangélico, dirige a cada um de nós, com palavras prementes, o convite a entrar neste circuito de amor, imitando o gesto de Maria e pondo-se concretamente no seguimento de Jesus. Escreve Agostinho: “Qualquer alma que queira ser fiel, une-se a Maria para ungir com perfume precioso os pés do Senhor… Unge os pés de Jesus: segue as pegadas do Senhor levando uma vida digna. Enxuga-lhe os pés com os cabelos: se tens coisas supérfluas dá-as aos pobres, e terás enxugado os pés do Senhor” (In Ioh., evang., 50, 6).