Foi ontem, dia 3 de abril, que, mais uma vez, o Regimento de Artilharia Anti Aérea Nº 1, em Queluz, abriu as suas portas para acolher todos os que quiseram participar na Via Sacra da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
Militares dos três Ramos das Forças Armadas, Cadetes, Fuzileiros, Guarda Nacional Republicana e Policia de Segurança Pública, com os seus capelães, a que se juntaram autoridades autárquicas e leigos das paróquias de Queluz, Belas, Massamá e Monte Abraão, acompanhados pelos seus párocos, diáconos e acólitos, meditaram no caminho de Jesus, desde a Sua condenação à morte até ao momento da Ressurreição.
Do breu da noite sobressaía a luz das velas e dos archotes que iluminavam o percurso das Estações assinaladas ao longo da Parada da Unidade.
As meditações, lidas por representantes das Forças Militares e de Segurança participantes, e as composições musicais e os cânticos, entoados pela Banda do Exército, que prestou um contributo inestimável nesta Cerimónia Religiosa, ajudaram à introspeção e à intensa espiritualidade, que fez esquecer o frio que se sentia.
No final D. Rui Valério, que presidiu à cerimónia, agradeceu a presença de todos e a amabilidade do Comando do Regimento em disponibilizar o espaço e toda a preparação para o evento, tal como já acontece há 8 anos. E como conclusão deixou este pensamento: «Nesta caminhada da Via Sacra nós fomos celebrando e contemplando cada Estação, muitas delas carregadas pelo peso do sofrimento, como a queda, como aquele rosto de Jesus que é gravado num pano. Fomos contemplando e celebrando o escorrer do suor e sangue. Contudo cada um destes momentos e instantes tem sentido porque contemplado e celebrado à luz da Ressurreição, à luz da vitória.
O sofrimento é um caminho, é uma etapa, não é um fim. Assim como a cruz é um meio privilegiado, é certo, mas que nos leva a horizontes de salvação, de bem-aventurança, pela força da ressurreição, dessa vitória da vida sobre a morte.
Duas palavras ecoaram ao longo desta caminhada:
A primeira foi a simples palavra do “contigo” – Jesus com o seu povo, Jesus sobretudo com o seu Pai, Jesus connosco.
Todo o caminho da cruz é para ser transportado exatamente nesta comunhão, não individualmente, não singularmente. Se até Ele, o Senhor, o Todo-Poderoso, o Omnipotente, se até Ele teve o privilégio, teve a graça, de encontrar um Cireneu, que com Ele transportou a cruz, é um convite a todos nós a fazer desse momento, dessa etapa, dessa circunstância da vida, uma ocasião para nos abrirmos ao outro. É difícil, é certo, porque normalmente o sofrimento, a cruz, atua em nós no sentido de nos isolar, de nos tornar mais sós, mais sozinhos, e, contudo, sobre a inspiração e o exemplo do Senhor nós somos convidados, pela graça do Espírito, a abrirmo-nos à comunhão com o outro.
Uma outra palavra emerge ao longo desta caminhada: é a palavra “recorda-te”. E nós recordamos todos e todas aquelas que em pleno século XXI continuam a percorrer e a calcorrear verdadeiros calvários pelas estradas da história e pelas estradas da vida. Todos aqueles que suportam e transportam o fardo do peso de uma cruz, talvez da incompreensão, talvez da falta de respeito, talvez da falta de reconhecimento pela sua dignidade.
Pois bem, o que te peço é exatamente que, tal como hoje celebraste o caminho da cruz, que foi protagonizado por Cristo, que eu me recorde sempre que, ainda hoje, Cristo a caminho do calvário continua vivo na minha Unidade, continua vivo na minha empresa, na minha comunidade, na minha paróquia e às vezes, quem sabe, continua vivo na minha própria casa e no meu próprio lar e, às vezes, até dentro da minha própria vida. Então tal como hoje nesta noite tão abençoada e maravilhosa nós nos recordamos de todos estes cristos a caminho do calvário que ainda povoam o mundo, torna-te essa memória viva olha para eles e leva o teu olhar de interesse, abre o teu coração àquelas e àqueles que amam. Jesus esta noite diz-nos, assegura-nos, de que nós não estamos sós, Ele caminha connosco.»
Depois do alimento espiritual seguiu-se o alimento corporal, numa refeição ligeira oferecida pelo Regimento.
Como se tratava da primeira visita, D. Rui Valério foi convidado a assinar o Livro de Honra, onde deixou impressa a gratidão por tão amável acolhimento e disponibilidade do RAAA1 em acolher esta Celebração Quaresmal. Por sua vez o Comandante da Unidade, Coronel Ruivo Grilo, manifestou estar sempre pronto a colaborar com a Diocese Castrense e ofereceu ao sr.Bispo uma Cresta do Regimento.