Foto Lusa, comemorações do Dia do Exército

Guimarães, 28 out 2018 (Ecclesia) – O administrador Apostólico do Ordinariato Castrense afirmou no Dia do Exército que é necessário “estabelecer nova luta em favor da pessoa” que garanta o descanso semanal e pediu aos militares que estejam “na linha da frente de um novo humanismo”.

D. Manuel Linda presidiu hoje à Missa no Dia do Exército, na igreja de São Francisco, em Guimarães, e desafiou os militares a serem protagonistas de uma “nova cultura”, que “concilie o serviço responsável” com o “bem familiar” e a “justa procura da felicidade”.

“Espero que estejam na linha da frente de um novo humanismo, de uma nova cultura, que concilie serviço responsável com bem familiar, com a justa procura da felicidade que não está muitas vezes onde nos dizem que se deveria encontrar”, afirmou D. Manuel Linda.

“Espero que os nossos militares estejam na linha da frente de um novo humanismo que é importante para o nosso tempo”, sublinhou D. Manuel Linda, administrador apostólico do Ordinariato Castrense, para onde foi nomeado um novo bispo este sábado, D. Rui Valério.

Para D. Manuel Linda é necessário reconquistar o descanso semanal ao domingo e retirar a continuidade ao horário laboral.

“Exceto nos campos da saúde, assistência segurança e dos transportes, não se justifica o que estamos habituados a ver todos os dias e por todo o lado: fazer do domingo um dia igual aos outros”, sublinhou.

O também bispo do Porto disse, por outro lado, que o domingo não pode ser preenchido por uma ida a um centro comercial, afirmando que Portugal é o “único país da Europa que tem os centros comerciais abertos ao domingo”, o que classificou como “subdesenvolvimento cultural”.

“Mal de nós se, para ocuparmos o domingo, tivermos de ter os centros comerciais abertos”, alertou.

“O domingo é o dia da família e, para quem crê, é também o dia da fé, o dia do Senhor”, sublinhou D. Manuel Linda.

O presidente da celebração da Missa no Dia do Exército, enquanto administrador apostólico do Ordinariato Castrense, afirmou ainda durante a homilia que não se justifica o regime de trabalho em “laboração contínua, em setor onde nunca se verificou”.

D. Manuel Linda denunciou a “aprovação superior, inclusivamente nos contratos coletivos de trabalho, favorecidos pelos ministérios da tutela” para que aconteçam regimes de “24 horas sobre 24 horas”

“Estamos a fazer um endeusamento do capital”, alertou o bispo do Porto, acrescentando que a sociedade  “tem de avaliar as bases em que está a assentar-se”.

Para D. Manuel Linda, o trabalho contínuo provoca “agressão ao ritmo biológico”, o “fracionamento lamentável dos encontros familiares” e “graves transtornos físicos e fundamentalmente psicológicos”.

D. Manuel Linda desafiou a sociedade a valorizar a atividade humana que “gera felicidade”.

“Estou convencido que a sociedade de hoje podia ser mais feliz”, lembrou.

“Estamos a pôr o centro da gravidade na economia, em desprimor da família e do que deveriam ser as coordenadas fundamentais da nossa existência”, alertou D. Manuel Linda, acrescentando que se confunde “bem-estar” com estar “rodeados de coisas”

“Bem estar é uma atitude interior, não pode repousar fora de nós”, indicou o bispo do Porto.

D. Manuel Linda presidiu à Missa que assinalou o Dia do Exército, enquanto administrador apostólico do ordinariato castrense, diocese que tem um novo bispo desde este sábado: D. Rui Valério.

PR (Ecclesia)