Mensagem do Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança para as «comunhões pascais» que se realizam nas diversas Unidades, quartéis e esquadras.

Saudação aos militares e polícias que realizam as suas «comunhões pascais»

             É uma piedosa tradição realizar a chamada «comunhão pascal» por alturas deste tempo da Quaresma/Páscoa, a altura do ano mais importante para a nossa fé. Nestes dias, em praticamente todas as Unidades das nossas Forças Armadas e da Forças de Segurança, muitos crentes interrompem a sua rotina diária para se reconciliarem com Deus e com os irmãos, elevar as mãos para o Alto e receberem sacramentalmente o Corpo e o Sangue do Senhor. Porque eu mesmo presido a muitas destas celebrações, por todo o país, é que não posso estar em todas para rezarmos em conjunto. Deixo, por isso, esta singela mensagem.

A «condição militar e policial» conhece bem o sofrimento e a dor: as frequentes deslocações e ausências da família, a dureza do exercício físico, o sentido da obediência que colide com o gosto de cada um fazer o que lhe apetece, a severidade da violência que pode ter de se exercer, a necessidade de construir «espírito de corpo» mesmo com camaradas portadores de temperamentos muito distintos, os serviços de fim de semana, as fracas condições habitacionais de muitas instalações, os riscos das «missões de paz internacionais», etc. Não obstante, suportais tudo isso pelo bem comum: para que as vossas famílias e a inteira comunidade nacional possam orientar a suas vidas à base dos bens maiores da liberdade, paz e justiça social.

Ora, precisamente nisto vos pareceis com Jesus Cristo, de Quem usais o nome ao declarar-vos «cristãos». Também Ele suportou a dor e o sofrimento extremos. Dor tanto mais intensa quanto é certo que a sua condenação constituiu uma injustiça brutal. Mas, com Ele, a dor e a morte passaram a não constituir as últimas palavras da história: esse sofrimento conduziu à ressurreição, às aleluias da Páscoa, à vida em plenitude. E gerou a reconciliação da humanidade com Deus e de todos nós, uns com os outros.

Caros militares e polícias, celebrai, então, a vossa «comunhão pascal» como plenitude de abertura ao Sobrenatural, a Deus que dá sentido à nossa existência. Mas também como timbre de qualidade na relação com os irmãos, a começar pelos mais próximos: a família de sangue e a família da camaradagem. Não vos deixeis encerrar na caverna medonha do indiferentismo religioso, do materialismo, do hedonismo e do sem-sentido para a vida. Como diz o Papa Francisco, “à abertura para o sentido do eterno corresponde também uma abertura positiva  para o mundo”. Só isto nos faz «pessoas», só isto conduz à alegria de viver, só isto nos permite saborear o que é ser cristão. Radicalmente cristão.

Para cada um de vós e vossas família, feliz Páscoa!

Invoco sobre todos as bênçãos do Senhor, morto e ressuscitado para nossa salvação.

O vosso bispo e irmão,

Manuel Linda