A Academia Militar (AM) realizou em 17 de março de 2021, o encerramento do 45.º Curso de Formação de Capelães Militares. Presidiu à cerimónia o Comandante da AM, Major-General Luís António Morgado Baptista, acompanhado por Sua Excelência Reverendíssima o Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Rui Valério. Estiveram também presentes, o Brigadeiro-General Diretor dos Serviços de Pessoal do Exército, o Vigário Geral Castrense e Capelão Adjunto da Armada, o Capelão-Adjunto do Centro de Assistência Religiosa da Força Aérea e o Superior Maior dos Dehonianos.

Este Curso, iniciou-se dia 01 de março e foi frequentado por dois sacerdotes, que irão desempenhar funções, respetivamente, um no Exército e um na Força Aérea.

O principal objetivo do curso foi proporcionar aos sacerdotes formação canónica-pastoral castrense e a preparação militar e física, indispensáveis à sua integração na Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

A primeira formação de Capelães na AM teve lugar no ano de 1967, tendo sido frequentada por 58 capelães militares, que no fim da formação foram distribuídos por unidades dos três ramos das Forças Armadas. À data, esta formação destinava-se a preparar os sacerdotes que, posteriormente, iriam integrar as Companhias de Militares que partiam para os territórios de África e de Timor. À semelhança da formação ministrada nos dias de hoje, foram-lhes transmitidos conteúdos relacionados com a instituição militar, a sua história, legislação, valores e virtudes, bem como uma adequada preparação física e militar.

Inicialmente, os Cursos de Formação de Capelães Militares eram frequentados por todos aqueles que concluíam o Curso de Teologia, após a sua ordenação, enquadrados no serviço militar obrigatório. Após o final deste regime, a formação de Capelães Militares, passou a destinar-se a sacerdotes voluntários, em número adequado às necessidades dos diversos Ramos das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

https://academiamilitar.pt/45-curso-de-formacao-de-capelaes-militares.html?fbclid=IwAR2E85zaLIiSJ02KyFnewPmRwC6jNfjvpTqqeOrKAt_v8zjiT6Tm3n99Uzw

Discurso do Pe. Micael Silva

Discurso de encerramento do XLV Curso de Capelães Militares

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MAJOR-GENERAL LUÍS ANTÓNIO MORGADO
BATISTA, COMANDANTE DA ACADEMIA MILITAR;
EXCELÊNCIA REVERENDÍSSIMA SENHOR DOM RUI MANUEL SOUSA
VALÉRIO, BISPO E CAPELÃO CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS E DE SEGURANÇA;
EXCELENTÍSSIMO SENHOR BRIGADEIRO-GENERAL BENTO SOARES,
DIRETOR DOS SERVIÇOS DE PESSOAL DO EXÉRCITO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR BRIGADEIRO-GENERAL CARLOS JORGE DE
OLIVEIRA RIBEIRO, 2º COMANDANTE E DIRETOR DE ENSINO;
EXCELENTÍSSIMO SENHOR CORONEL GILBERTO LOPES GARCIA,
COMANDANTE DO CORPO DE ALUNOS DA ACADEMIA MILITAR;
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES CAPELÃES ADJUNTOS DAS FORÇAS ARMADAS
E DAS FORÇAS DE SEGURANÇA;
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES OFICIAIS, SARGENTOS, PRAÇAS;
MEUS SENHORES,

Por altura da minha ordenação, escolhi um pequeno excerto do Evangelho que
pudesse servir de inspiração para o exercício do meu ministério sacerdotal: “Ide… Eu estou
convosco”. Trata-se do envio que Jesus faz aos discípulos no final do Evangelho segundo
São Mateus. Por ironia do destino, era o mesmo excerto do Evangelho que a liturgia propunha
no dia em que o meu bispo me desafiou para desempenhar a função de capelão militar. Não
pude dizer que não. Na conclusão deste quadragésimo quinto curso de capelães militares,
considero que estas mesmíssimas palavras de Jesus resumem tudo aquilo que nos foi
proposto, ao longo destas três últimas semanas.
“Ide”. A missão do capelão não se resume a ser homem de gabinete, a estar sentado
na capela à espera que alguém apareça, ou a visitar de longe a longe uma unidade. A nossa
missão passará por ir ao encontro de todos, fazer com eles caminho, ser elo de ligação, uma
ponte entre as várias instâncias. Só quem se faz presente é que consegue realmente identificar
os problemas, ansiedades, medos e poder ajudar a resolvê-los. Bem ao jeito de Jesus, não
vamos apenas ao encontro dos nossos, mas de todos. Estar com todos para que todos sintam
que existe alguém que está com eles.
“Eu estou Convosco”. A nossa presença traduz-se em sermos o rosto visível de Jesus
nos bons e maus momentos. Não somos chamados a ser somente os tipos cool, que gozam
da amizade do comandante e do praça, mas os homens que a ambos interpelam pela maneira
de ser e de estar e que a ambos tentam aproximar. Enquanto homens de Deus, o serviço será
sempre o mesmo quer na paróquia, comunidade religiosa, quer na unidade, ajudar a crescer
nos momentos de alegria, restabelecer a esperança quando a mochila carregada começa a
pesar, ou quando começamos a sentir saudades de casa.
O nosso obrigado à Academia Militar e à Diocese das Forças Armadas e de Segurança
pela oportunidade que me dão a mim e ao meu camarada José Joaquim, de sairmos da nossa
zona de conforto, para alargarmos os horizontes do nosso sacerdócio. E um grande obrigado
àqueles que foram os nossos responsáveis diretos nestes dias o Capelão Borges da Silva e o
Sr. Alferes Kapancioglu e a todos os restantes formadores e presentes por fazerem desta
experiência algo que traremos sempre nos nossos corações.

Discurso do Pe. José Joaquim Costa, scj

Discurso de encerramento do XLV Curso de Capelães Militares

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MAJOR-GENERAL LUÍS ANTÓNIO MORGADO
BATISTA, COMANDANTE DA ACADEMIA MILITAR;
EXCELÊNCIA REVERENDÍSSIMA SENHOR DOM RUI MANUEL SOUSA
VALÉRIO, BISPO E CAPELÃO CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS E DE SEGURANÇA;
EXCELENTÍSSIMO SENHOR BRIGADEIRO-GENERAL BENTO SOARES,
DIRETOR DOS SERVIÇOS DE PESSOAL DO EXÉRCITO
EXCELENTÍSSIMO SENHOR BRIGADEIRO-GENERAL CARLOS JORGE DE
OLIVEIRA RIBEIRO, 2º COMANDANTE E DIRETOR DE ENSINO;
EXCELENTÍSSIMO SENHOR CORONEL GILBERTO LOPES GARCIA,
COMANDANTE DO CORPO DE ALUNOS DA ACADEMIA MILITAR;
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES CAPELÃES ADJUNTOS DAS FORÇAS ARMADAS
E DAS FORÇAS DE SEGURANÇA;
EXCELENTÍSSIMOS SENHORES OFICIAIS, SARGENTOS, PRAÇAS;
MEUS SENHORES,

O discurso dos nossos camaradas capelães, que nos precederam, começava sempre
por evocar o lema desta distinta academia: “Dulce et decorum est pro patria mori” – “É doce
e honroso morrer pela pátria” (lema retirado das Odes do poeta Horácio). Também nós na
Bíblia encontramos uma expressão similar: “É preciosa aos olhos do SENHOR a morte dos
seus fiéis.” (Sl 116, 15). O que é que leva alguém a entregar a sua própria vida? O sentido de
dever, de propósito. Talvez por isso, a experiência de fé do povo de Deus esteja ligada à
conquista de uma terra. Deus libertou o seu povo e deu-lhe a terra prometida. Terra que o
povo teve de conquistar, na certeza de que Deus combate pelo seu povo. De alguma forma,
o interesse deste povo foi a defesa da soberania e da integridade do seu território, legitimado
pela aliança.
Quem legitima a nossa ação? Todo o militar sabe que a legitimidade da sua ação
decorre dos seus superiores, os juramentos só podem ser feitos diante de um superior e não
de um par, até chegarmos ao nosso Comandante Supremo das Forças Armadas, o Presidente
da República, cuja legitimidade é dada pelo povo. Os capelães, como sacerdotes dependem
de Deus, e dos seus superiores militares para servirem o povo, para bem do povo. É curioso
que o Evangelho de S. João nos apresente uma figura que represente este povo “Nicodemos”
(nike – vitória + demos – povo), o desígnio do Evangelho é que o povo triunfe, que chegue à
vitória de Cristo na cruz.
Como é que se chega à vitória? Certamente pela disciplina, pelo cumprimento do
dever, pelo agir ético… por isso, Aristóteles escreveu um livro de ética para o seu filho
Nicómaco, nome que curiosamente significa “vitória no combate”. A agir ético dispõe para
a vitória. No entanto, para nós a vitória alcança-se pela ação do Espírito.
Diz-se que Napoleão distribuía os seus homens de quatro maneiras: 1. Aos
inteligentes com iniciativa dava funções de comandantes generais; 2. Aos inteligentes sem
iniciativa colocava-os como oficiais, para que, recebendo ordens, as cumprissem
diligentemente; 3. Aos ignorantes sem iniciativa colocava-os na frente de batalha, como
carne para canhão; 4. Os ignorantes com iniciativa, nem sequer os admitia no exército, nada
pior do que um ignorante com iniciativa.
O capelão deve reunir estes dois elementos: inteligência e iniciativa. Tem de ter a
inteligência que lhe advém da sua abertura aos dons do Espírito (sabedoria, inteligência,
conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus), bem como iniciativa: “É preciso sair
das sacristias! A pesca milagrosa só se faz no mar alto!” (Pe. Leão Dehon).
Tal como Moisés precisava que lhe sustentassem os braços quando lutava com os
amalecitas (Ex 17, 11-12) também nós precisaremos da inteligência e da iniciativa para
sustentar a nossa ação, para chegarmos à vitória.
Resta-me reiterar os agradecimentos que já foram feitos pelo meu camarada, o Pe.
Micael Silva. O nosso obrigado à Academia Militar e à Diocese das Forças Armadas e de
Segurança pela oportunidade que nos foi dada. Uma palavra de agradecimento ao meu
Superior Provincial, o Pe. José Agostinho de Figueiredo Sousa, scj, que dispôs para que eu
pudesse tomar parte nesta missão; ao Capelão Adjunto da Força Aérea Portuguesa, o Coronel
Pe. Joaquim Martins, que me acolheu e acompanhou desde o princípio. E um grande obrigado
aos responsáveis diretos pela nossa formação, ao Capelão da AM o Tenente Coronel Borges
da Silva e o Sr. Alferes Hugo Silva Kapancioglu e aos restantes formadores e a todos os
presentes por fazerem curso. A todos bem haja!