Atravessar o umbral do sagrado para ter coragem de olhar para o Alto
A 19 e 20 de junho decorreu a XXXIII Peregrinação Militar Nacional a Fátima. Este evento foi presidido por D. Manuel Linda, Ordinário Castrense de Portugal e contou com a presença de inúmeros militares e civis e respetivas famílias, dos Ramos das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
No primeiro dia fez-se um encontro de oração e celebração penitencial, seguida de confissões na Capela da Ressurreição de Jesus. À noite, recitamos o Rosário na capelinha das aparições e participamos Procissão Eucarística no recinto do santuário.
O segundo dia, iniciou-se com a concentração na Capelinha das Aparições, seguida da saudação a Nossa Senhora, após o que, todos os peregrinos, por Ramos e Forças, se dirigiram em procissão para a Basílica da Santíssima Trindade. Aqui, D. Manuel Linda presidiu à concelebração da Eucaristia, cerimónia final que encerrou esta Peregrinação Militar.
Depois de referir o que é a peregrinação e a razão de ser feita por agentes de defesa e segurança, proclamou: “Este santuário é uma verdadeira «casa da paz». Aqui, em 1917, por várias vezes se prometeu que a guerra terminaria e que a paz se havia de estabelecer. Hoje é visitado por homens e mulheres que, habitualmente, empunham armas. Não haverá aqui uma contradição?
Não, não há. Pelo contrário. É que os homens e as mulheres que servem a defesa e a segurança nacionais usam armas para que outras armas não imponham a sua lei do medo, da violência e da selvajaria, para que os cidadãos possam organizar a sua vida à base desse valor mais sobrenatural que é o da liberdade, para que os direitos humanos sejam promovidos e a ninguém sejam retirados. Os homens e as mulheres que servem a defesa e a segurança nacionais usam armas, mas não têm as mãos manchadas de sangue inocente: usam-nas precisamente para que o sangue não se derrame e as mãos dos outros, em vez de apertarem um gatilho, se possam abrir em abraços e afagos. E num mundo globalizado, fazem-no interna e externamente, nas várias intervenções humanitárias que designamos por “missões de paz” no exterior.
Daqui, e em síntese, queria deixar três apontamentos ou três pedidos, quase telegráficos:
1º – senti são orgulho na vossa condição militar ou de agentes de forças de segurança. As pessoas podem não se dar conta disso, mas vós existis para que o injusto não se possa rir das suas injustiças e a vida dos outros não se torne um inferno, mas se possa realizar em paz e liberdade, os maiores bens sociais;
2º – que a sociedade aprenda a apreciar quem a defende e acarinhe as suas forças armadas e de segurança. O que, obviamente, traz custos. Então, passada a fase mais difícil da necessária reestruturação financeira do Estado, que a Tutela consiga obter meios que assegurem a dignidade espectável e desejável. Refiro-me aos aspetos económicos, mas também aos âmbitos da saúde, do reagrupamento familiar, das condições de trabalho, das justas promoções e outros.
3º – procedei como os santos que trabalharam nestes sectores e na vossa condição. Por exemplo, São Nuno de Santa Maria, ou São Nuno Álvares Pereira, o grande “herói e santo” nacional. E ele não é o único: há muitos outros de quem, se as circunstâncias o permitirem, eu gostaria de vos ir falando, para que sejam não só nossos intercessores no Céu, mas também nossos modelos na terra. Se eles constituem exemplo de cristãos, nós também o podemos ser. Podemos e devemos”.
Honraram-nos com a sua presença Suas excelências o senhor Ministro da Defesa Nacional, o Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas, os Secretários de Estado da Defesa e da Administração Interna e os Chefes de Estado-Maior dos três Ramos, Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana e Director Nacional da Polícia de Segurança Pública.
Jorge Matos