Bispo Castrense Realça “Virtude e Saber” como Legado de Teixeira Rebelo e Apela ao “Ser Próximo” na Homilia Inspirada na Parábola do Bom Samaritano

O Colégio Militar, em Lisboa, acolheu hoje, dia 6 de outubro de 2025, uma Eucaristia solene em memória dos 200 anos da morte do Marechal António Teixeira Rebelo (1750-1825), fundador e primeiro diretor da instituição. A celebração foi presidida por D. Sérgio Dinis, Bispo do Ordinariato Castrense para Portugal e Chefe do Serviço de Assistência Religiosa das Forças Armadas e de Segurança.

A cerimónia contou com a presença de diversas individualidades ligadas à instituição, incluindo o Diretor do Colégio Militar, COR Alexandre Moura, o Presidente da Associação de Antigos Alunos, TGEN Menezes, o Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação, Dr. João Coimbra, professores, formadores e os capelães militares, Padre Licínio e Padre Ricardo Barbosa.

Na sua homilia, D. Sérgio Dinis realçou a visão humanista e educativa do Marechal Teixeira Rebelo, sublinhando que a força de uma nação não reside apenas “pelo poder das armas, mas pela formação do carácter, pela retidão da consciência e pela educação das novas gerações.” O prelado enalteceu Teixeira Rebelo como um “Homem de armas, sim, mas sobretudo homem de espírito.”

O Bispo do Ordinariato Castrense estabeleceu uma ponte direta entre o legado do fundador do Colégio e o Evangelho de São Lucas (Lc 10,25-37), que narra a parábola do Bom Samaritano.

D. Sérgio Dinis utilizou a parábola para ilustrar o verdadeiro sentido do amor e do serviço, essenciais na educação militar:
• A Vida Eterna e o Amor: Recordou que a “eternidade começa no amor: amar a Deus com todo o coração e amar o próximo como a si mesmo,” definindo a vida eterna como “o fruto maduro de uma vida amada e entregue.”
• A Definição de Próximo: Sublinhou que “o próximo não é quem está mais perto, mas aquele que precisa de nós para viver,” sendo “o ferido da estrada, o esquecido, o que ficou para trás.” O desafio, afirmou, é deixar que a compaixão seja “mais forte do que a indiferença,” pois o “amor verdadeiro não se mede por sentimentos, mas por gestos.”
• Educar é Abrir Horizontes: Recorrendo à primeira leitura (Jo 1,1–2,1.11), que evoca o diálogo de Jonas com Deus, D. Sérgio Dinis equiparou este confronto à “educação cristã,” defendendo que “Educar é abrir horizontes, é ensinar a ver o outro como irmão, é libertar o homem das suas fugas interiores.”

O prelado concluiu a homilia salientando que a verdadeira educação vai além da transmissão de conhecimentos, visando a formação para a “sabedoria e para a santidade,” unindo virtus et scientia (virtude e saber), um lema que se mantém vivo no Colégio Militar.

O Bispo D. Sérgio Dinis recebeu como oferta um livro intitulado “MARECHAL TEIXEIRA REBELO Apresenta-se”, uma obra que visa aproximar a vida e a visão do fundador dos alunos de hoje.

O livro oferecido ao prelado não é apenas uma biografia, mas uma ferramenta pedagógica pensada para os jovens.

A obra “MARECHAL TEIXEIRA REBELO Apresenta-se” tem um formato e uma linguagem intencionalmente acessíveis, visando estabelecer uma comunicação direta entre o fundador e os alunos de hoje. O livro adota uma perspetiva quase na primeira pessoa, permitindo que o Marechal Teixeira Rebelo se apresente diretamente, partilhando com “simplicidade e orgulho, a sua vida e como nasceu uma escola diferente.”

O objetivo primordial é mostrar que a História não é uma sequência de datas distantes, mas sim o resultado das ações de “pessoas que ousaram fazer diferente.” É apresentado como uma leitura essencial para quem frequenta o Colégio, pois inspira a “estudar, aprender… e sonhar.”

O livro realça o contexto da fundação do Colégio, sublinhando a persistência de António Teixeira Rebelo.
• Necessidade de Formação: Em 1802, ao comandar o Regimento de Artilharia da Corte, o então Coronel Rebelo detetou “falhas no ensino dos oficiais”. A necessidade de uma preparação mais sólida para o Exército levou-o a pedir apoio ao governo para melhorar a instrução.
• Superação de Obstáculos: A criação do Colégio em 1803 (originalmente o Colégio da Feitoria) enfrentou o grande problema da “falta de professores”. O livro destaca que o Marechal “nunca desistiu nem deixou de acreditar”, superando a adversidade graças ao apoio voluntário de oficiais e sargentos, demonstrando um “espírito de missão exemplar.”
• Evolução da Instituição: É documentada a evolução do Colégio, desde a sua fundação no quartel da Feitoria, passando pela sua ascensão a Real Colégio Militar em 1813, devido ao seu “grande prestígio,” e a sua posterior transferência para o edifício de Nossa Senhora dos Prazeres, no sítio da Luz, onde o Marechal exerceu o cargo de primeiro diretor até à sua morte.

O livro serve, assim, como um valioso registo histórico e um testemunho da fé na educação como alicerce para o futuro de Portugal.

A Missa celebrada constituiu um momento de profunda evocação, reafirmando o compromisso do Colégio Militar em “formar homens de honra, de serviço e de fé,” em linha com a visão original do seu fundador, Marechal António Teixeira Rebelo.