Base Naval de Lisboa, 30 de novembro de 2025 – A Base Naval de Lisboa, no Alfeite, foi este domingo palco de um dia de forte significado espiritual e familiar, que juntou a celebração do 70.º aniversário da consagração da Capela de Nossa Senhora do Mar com um Encontro de Famílias Militares. A iniciativa, que marcou também o primeiro Domingo do Advento, incluiu uma Eucaristia e uma palestra sobre a exortação apostólica “Dilexit Te” do Papa Leão XIV.
O ponto alto da manhã foi a Eucaristia Comemorativa, presidida por D. Sérgio Dinis, Bispo do Ordinariato Castrense de Portugal. A cerimónia, transmitida pela TVI, contou com a presença de altas patentes das Forças Armadas, encabeçadas por Sua Excelência o Almirante Jorge Nobre de Sousa, Chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional.
Na sua homilia, perante uma assembleia que incluía oficiais, sargentos, praças, famílias e membros da comunidade, D. Sérgio Dinis evocou os 70 anos da capela como um “farol aceso no coração da Base Naval”. Partindo das leituras do dia, o Bispo Castrense relacionou a virtude da vigilância, central no tempo do Advento, com a missão da Marinha. “Também a Marinha sabe o que significa vigilar. Sabe o que é estar atento ao tempo, ao mar e à vida. […] Mas hoje Jesus pede-nos algo mais profundo: vigiar a própria alma”, afirmou.
O Bispo Castrense aprofundou a metáfora da viagem, tão cara à identidade marinheira, para ilustrar o caminho espiritual do Advento. “Assim como um navio não se faz ao mar sem um rumo traçado e sem os instrumentos de navegação em ordem, também a nossa vida não pode ser uma deriva. O Advento é este tempo de verificar a nossa bússola interior, de nos recentrarmos em Cristo, que é o nosso porto seguro e a estrela que nos guia nas noites mais escuras”.
Falando diretamente às famílias e aos casais presentes, D. Sérgio Dinis destacou que “vigiar a alma” é um trabalho que começa no seio do lar. “É na família que se aprende a ler os sinais de tempestade no rosto do outro, a lançar a âncora da paciência nos momentos de tensão e a navegar em águas difíceis com a cartografia da fé e do perdão. A vossa missão, quer nas missões no mar quer no porto que é o vosso lar, é serdes construtores de paz, seguindo a visão profética de Isaías”.
Concluindo a sua reflexão, o Bispo do Ordinariato Castrense ligou o serviço à Pátria com o serviço a Deus: “A mesma entrega que vocês, militares, dedicam à segurança de Portugal, é a que Deus vos pede para dedicardes ao cuidado das vossas almas e das vossas famílias. Que Nossa Senhora do Mar, que há 70 anos aqui velou por tantos que partiram e regressaram, vos cubra com o seu manto e interceda por vós, para que, vigilantes, possais celebrar a verdadeira Luz que está para chegar”.
Após a Eucaristia, o evento prosseguiu no Auditório da Escola Naval com uma palestra dedicada à exortação apostólica “Dilexit Te” (Eu Amei-Te) do Papa Leão XIV, que coincidiu com o Encontro de Famílias e Casais. A sessão, ministrada pelo Capelão Ricardo Barbosa, da Academia Militar, juntou cerca de 130 pessoas, entre as quais 60 casais.
O Capelão Barbosa destacou as ideias centrais do documento papal, nomeadamente “o amor concreto aos pobres, a fragilidade como lugar de encontro com Deus e o papel da família como primeiro espaço de cuidado e ternura”. Foi sublinhado que o amor cristão começa na atenção às fragilidades dentro da própria família e que a pobreza pode ser também “cansaço, solidão, desgaste emocional e falta de apoio”.
Em linha com o espírito do encontro, enfatizou-se a coragem e a resiliência exigidas às famílias das Forças Armadas e de Segurança, defendendo a família como “porto seguro” e a fé como força que “ilumina o serviço e fortalece a vida conjugal”. A palestra terminou com uma oração pelas famílias e por todos os militares e elementos das forças de segurança.
O programa do dia, que começou com um acolhimento às 09H15, incluiu um almoço de confraternização na Messe da Escola Naval.



















