D. Sérgio Dinis Preside a Missa em Santa Cruz e Destaca que a Verdadeira Inovação Começa na Pessoa Humana

Coimbra, 24 de Outubro de 2025 – O Dia do Exército Português foi solenemente assinalado hoje em Coimbra com a celebração da Eucaristia na histórica Igreja de Santa Cruz, local onde repousa D. Afonso Henriques, Patrono do Exército. A cerimónia foi presidida pelo Bispo do Ordinariato Castrense, D. Sérgio Dinis, e contou com a presença de altas individualidades militares, autárquicas e civis.

A Missa, um momento central nas comemorações da data que evoca a fundação da Pátria e o nascimento do Exército, reuniu o Chefe do Estado-Maior do Exército, General Mendes Ferrão, o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. José Manuel Silva, o Comandante do Comando de Operações Terrestres do Exército Brasileiro, General Costá Neves, o Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Maia Pereira, entre outros Oficiais Generais, Comandantes de Forças de Segurança, Oficiais, Sargentos, Praças e Civis do Exército.

Na sua homilia, D. Sérgio Dinis estabeleceu uma ligação entre as leituras bíblicas do dia, a história militar de Portugal e os desafios atuais do Exército.

O Bispo Castrense recordou que esta data une dois inícios fundamentais: “o nascimento de uma Pátria e o nascimento do seu Exército”, sublinhando a inseparabilidade da história de Portugal da história do Exército, simbolizada pelo descanso eterno de D. Afonso Henriques em Santa Cruz, o “primeiro chefe militar de Portugal”.

Centrando-se na leitura de São Paulo (Rm 7, 18-25a), D. Sérgio Dinis realçou a “batalha invisível, travada no coração humano” – a luta interior entre o querer o bem e o praticar o mal. O Bispo afirmou que a verdadeira vitória e libertação espiritual “dá sentido a toda a vida humana e, em particular, ao serviço militar”.

“O soldado que se vence a si mesmo, que domina o medo, a indiferença ou a tentação de poder, é o verdadeiro vencedor. A disciplina exterior só tem valor se brotar da liberdade interior,” frisou D. Sérgio Dinis.

Referindo-se ao Evangelho (Lc 12, 54-59), o prelado apelou ao discernimento dos sinais do tempo presente, confrontando os presentes com as rápidas mudanças do mundo – inteligência artificial, ciberespaço, novos conflitos – e afirmando que há um sinal que nunca envelhece: o valor da pessoa humana.

Inspirado no seminário “Horizonte 2045: Exército Português na era da Inovação”, o Bispo alertou para a primazia do “tempo sobre o espaço”, citando o Papa Francisco e defendendo que “não basta possuir estruturas e tecnologias; é preciso gerar processos de humanidade”.

D. Sérgio Dinis sublinhou que a verdadeira inovação começa nas pessoas, na sua “formação ética e espiritual, na capacidade de sonhar um Exército inovador ao serviço da paz e da dignidade humana”. A homilia resumiu esta visão com uma intuição profundamente cristã:

“Não há futuro tecnológico sem um coração moral; não há estratégia sem consciência; não há força sem espírito.”

O Bispo Castrense concluiu, desafiando o Exército a ser um “lugar de humanização” que forma “não apenas soldados, mas pessoas livres, responsáveis e solidárias” e que “não defende apenas fronteiras, mas protege valores”. O serviço militar do futuro, e de sempre, significa:

“Não basta vencer batalhas, é preciso prevenir sofrimentos; não basta preparar para a guerra, é preciso educar para a paz; não basta dominar tecnologias, é preciso cultivar o coração.”

As celebrações do Dia do Exército em Coimbra, com a homenagem ao Patrono D. Afonso Henriques, reforçaram assim o apelo a um serviço militar assente na justiça, na fidelidade e, sobretudo, na alma humana.