Aos Militares e Civis das Forças Armadas
Aos Militares e Civis da Guarda Nacional Republicana
Aos Elementos das Forças de Segurança da Polícia de Segurança Pública e Pessoal de apoio
Aos Civis das Forças Armadas e das Forças de Segurança.
Paz e bem.
1. O nascimento de Jesus deu-se num lugar e dum modo altamente improváveis. Infelizmente, ainda hoje, é onde e como tantas crianças são dadas à luz.
Não foi numa casa aconchegante, nem numa maternidade apetrechada com avançadas técnicas obstétricas, mas num curral, lugar de repúdio e exclusão, sendo o berço uma simples manjedoura; e rodeado, segundo uma iconografia de bíblica inspiração, não por uma equipa de competentes peritos, mas, “pelo boi e pelo jumento” (cf Is 1, 3) que, segundo os Padres da Igreja, são símbolo da nova humanidade.
Também o modo foi improvável: sem nada do que hoje é tido por indispensável num parto: ecografias, medidores de pulsões e rigorosa observação médica.
2. Mas, o nascimento do Menino, realizado em geografias e logísticas impensáveis, não nos mostra apenas a total solidariedade de Deus com a humanidade, aquele seu estilo tão abençoado de partilhar vicissitudes e anseios da humanidade. Fundamentalmente, revela-nos a força renovadora que, a vinda do Deus Menino ao mundo, operou no ser humano. Ele fez com que cada homem se tornasse filho do Pai Celeste, comunicou-nos a sua vida divina, dá-nos, continuamente, o seu Espírito, para nos transformar. Transforma não só as configurações da realidade da existência, mas torna-as novas na sua essência. O protótipo é o pão da eucaristia que, permanecendo pão na sua forma, adquire uma nova substância: torna-se Corpo do Senhor. Também os lugares geográficos, as circunstâncias, as experiências que, na sua crueza e banalidade, são impossíveis, existencialmente negadores de vida e de felicidade, são e foram transformados pela presença de Jesus Cristo. Ele que, tendo passado pela pobreza e fragilidade; Ele que sofreu a marginalização e o desprezo; Ele que foi pobre… mudou o caráter e a essência da fragilidade e da pobreza, da marginalização e da morte, tornando-os lugares de vida, geradores de novos horizontes, laboratórios de processos de santidade.
3. Por isso, este ano, o nosso olhar, iluminado de amor e espírito solidário, volta-se repleto de esperança para aqueles “ondes” que, graças a Jesus Cristo, se tornaram nascentes de luz para uma nova humanidade.
O nascimento de Jesus, realmente, gera tantas nascentes abençoadas em palcos inóspitos de vida e de bênção; em recônditos locais carentes de humanidade, onde homens e mulheres das Forças Armadas e das Forças de Segurança oferecem o que têm, mas sobretudo o que são. Com a dádiva das suas vidas, ao fazerem-se doação viva, transformaram os solos onde derramaram o seu sangue, ou se sacrificaram pelos outros, e abençoaram aquela terra e aquele povo, que gera entre os seus filhos quem faz do amor aos outros a razão das suas vidas. Obrigado, a todos vós: aos Militares e aos Polícias, às Forças Armadas e às Forças de Segurança pelas muitas sementes de esperança que, com a vossa vida consignada a Portugal, lançais no coração da sociedade portuguesa.
Operar na adversidade é o contexto de atuação das Forças Armadas e Forças de Segurança; atuar no contexto das Forças Nacionais Destacadas; proteger os mais frágeis, socorrer os aflitos de catástrofes naturais ou vítimas do flagelo é muito mais que demostração de coragem, é verdadeiro serviço abnegado e incondicional aos outros cidadãos.
4. No ano que finda, a nossa gratidão aos camaradas das Forças Armadas e das Forças de Segurança que deram tudo de si, a própria vida, por Portugal. No combate aos incêndios, obrigado aos cinco camaradas da GNR; no cumprimento do dever, obrigado aos camaradas da Marinha, do Exército, da Força Aérea, da Guarda Nacional Republicana e da Polícia de Segurança Pública… cada dia, cada lugar, cada momento é o vosso campo da honra.
Não temer, não ficar assustado com o desconhecido e imprevisível, são marcas da identidade e da vocação militar e das forças de segurança, que não remetem apenas para o espírito de aventura, mas apontam para o resplandecer de uma luz que brilha nos valores de relevância ética. Forjam o caráter tanto do soldado como do polícia, como arautos de esperança, radicado no nascimento de um Menino em Belém que continua a iluminar e a inspirar o nosso mundo.
A todos vós, e às vossas estimadas famílias, um Santo Natal e Feliz Ano Novo.
+Rui Valério, Administrador Apostólico da Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança