“Que fizeste ao teu irmão?”

PMI

Caro peregrino,

na vida, todos colocamos metas: o curso, a profissão, a compra do carro ou da casa. Mas há metas ainda mais nobres e elevadas: a constituição de uma sólida família, a educação integral dos filhos, a sua inserção na vida do mundo e da Igreja, etc.

Também assim deve acontecer na vida da fé. Não chega uma prática religiosa mais ou menos rotineira, mas há que ter bem presente o horizonte para onde nos dirigimos. E a grande meta da nossa fé é Deus: d’Ele vimos, para Ele vamos.

Mas não vamos sós. Isoladamente, correríamos sérios riscos de desistir da caminhada. Connosco vão muitos irmãos. E vão Nossa Senhora e os santos. Também para estes, Deus é a meta. Por isso, vamos com eles. Melhor: eles é que vão connosco. E porque vamos lado a lado, colhemos deles a maneira de proceder e de caminhar na vida. Aprendemos com eles a amar: a amar a Deus e a amar os irmãos.

É este o sentido profunda da peregrinação cristã. Possui também algo de turismo, de passeio, de convívio, de alegria. Mas não se fica apenas nesses aspectos. Toma consciência de que toda a peregrinação é uma grande metáfora da nossa vida: uma caminhada de irmãos que, em Igreja, se dirigem ao encontro do Pai, sob a protecção e com a companhia de Nossa Senhora e dos santos, tentando ser como eles são.

Por isso, a peregrinação é sempre um meio para afinar o azimute na verdadeira orientação: uma clara tomada de consciência da grande meta ou «grande seio», que é Deus. E uma disposição de caminhar na vida com os irmãos e como irmão. Não como Caim, que matou Abel. Mas na certeza de que Deus nos dirige a pergunta que deu mote a esta peregrinação de 2015: “Que fizeste ao teu irmão?”.

Oxalá pudéssemos responder: amei-o como a mim mesmo. E não como o mundo respondeu há cem anos, com a I grande guerra: matei-o! Os militares e agentes de segurança são quem mais detesta a guerra e quem mais ama a paz. Vão a Lourdes porque têm bem presente que somos todos filhos do mesmo Pai e irmãos uns dos outros. E no colorido das distintas fardas vêem diversidade, mas não inimizade. Pelo contrário: vêem irmãos que participam da mesma fé, que rezam ao mesmo Deus e que igualmente tratam Nossa Senhora como Mãe. Aprendem, pois, a viver e a con-viver como a Mãe de Jesus viveu e con-viveu.

Que Ela vos abençoe.

Boa peregrinação!

O vosso irmão, amigo e também peregrino,

 

Manuel Linda

Bispo das Força Armadas e das Forças de Segurança