Hoje, dia 15 de abril, o Campo Militar de Santa Margarida acolheu a solene celebração pascal, presidida por D. Sérgio Dinis, Bispo do Ordinariato Castrense de Portugal. A cerimónia, que assinalou a Terça-feira da Semana Santa, decorreu na Igreja do Campo Militar e contou com a presença de diversas entidades militares e civis.

Entre os presentes destacaram-se o Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Afonso Calmeiro, o Presidente da Câmara Municipal de Constância, Dr. Sérgio Oliveira, o Comandante do Campo Militar de Santa Margarida, Coronel de Cavalaria João Paulo Faria, e outros comandantes das Unidades da BrigMec. A cerimónia também reuniu o Presidente da Junta de Freguesia de Santa Margarida, José Ricardo, e o Presidente do Núcleo da Liga dos Combatentes de Santa Margarida, Coronel Falcão, além de oficiais, sargentos, praças e funcionários civis.

Na homilia, D. Sérgio Dinis conduziu os presentes por uma meditação profunda sobre o sentido da entrega, tanto na vida espiritual como no serviço militar. Partindo das leituras do dia, o Bispo Castrense estabeleceu um diálogo entre a vocação do Servo de Deus (Isaías 49) e a última ceia de Jesus (João 13), sublinhando três pilares essenciais: a fidelidade na adversidade, a resiliência na missão e o amor que supera a traição.

1. A primeira leitura, do profeta Isaías, apresenta um servo que, mesmo enfrentando o desânimo – “Cansei-me inutilmente, em vão gastei as minhas forças” –, não desiste da sua missão. D. Sérgio Dinis relacionou esta passagem com a realidade militar, onde o treino exige sacrifício, persistência e, muitas vezes, um reconhecimento que tarda a chegar.

“Assim como o soldado se prepara longamente para uma missão que pode nunca ser visível aos olhos do mundo, também o cristão é chamado a perseverar, não pelo aplauso humano, mas pela certeza de que a sua fidelidade é vista por Deus”, afirmou.

2. No Evangelho, Jesus vive o drama da traição de Judas e da negação de Pedro, momentos em que a escuridão parece vencer. “Era noite”, diz o texto sagrado – uma noite que, segundo o prelado, simboliza toda vez que o homem escolhe afastar-se de Cristo.

Contudo, Jesus não se deixa vencer pelo desespero. Mesmo sabendo que seria abandonado, Ele ama até ao fim. D. Sérgio Dinis destacou que, no Campo Militar de Santa Margarida – onde a disciplina e a coragem são valores fundamentais –, esta lição ressoa com especial força:

“Quantas vezes, na vida militar ou na caminhada da fé, nos sentimos traídos pelo medo, pela dúvida ou pela fraqueza? Mas a verdadeira grandeza não está em nunca cair, e sim em levantar-se, como Pedro, com humildade e confiança no perdão de Deus.”

3. Num mundo obcecado por resultados rápidos, D. Sérgio lembrou que o valor de uma vida não está no triunfo exterior, mas na fidelidade interior. Citando a longa história do Campo Militar de Santa Margarida – que há mais de 70 anos forma soldados –, o Bispo Castrense comparou-o à Igreja, que também é uma “escola de santidade”, onde se aprende a resistir nas provações.

“Aqui, treina-se o corpo, mas, acima de tudo, forja-se o carácter. Assim deve ser na vida cristã: cada dia é um exercício de entrega, cada batalha interior é um passo para a santidade.”

A homilia do Responsável Catolico do Ordinariato Castrense terminou com um desafio: viver a Páscoa como um combate espiritual, onde a verdadeira vitória está em amar como Cristo amou – até ao extremo.

“Que esta Semana Santa nos encontre vigilantes, não apenas como militares prontos para a missão, mas como discípulos firmes, capazes de permanecer ao lado do Mestre, mesmo quando a noite parece mais escura. Porque, no fim, a luz da Ressurreição há de brilhar para quem não desistiu do caminho.”

A celebração serviu como um convite a viver a Semana Santa com coragem e fé, inspirando-se no exemplo de Cristo e no espírito de serviço que marca a vida militar.

“Que esta Páscoa nos encontre firmes, prontos a seguir o Mestre mesmo na noite escura, confiando que Ele nunca abandona os seus”, concluiu o Bispo Castrense.

Depois da Missa seguiu-se o almoço e a assinatura do Livro de Honra. No final houve tempo para uma troca de lembranças para assinalar o evento. Neste momento o Comandante da Brigada Mecanizada, Brigadeiro-General Afonso Calmeiro, ofereceu um anel episcopal a D. Sérgio Dinis com uma Cruz e um cordeiro incrustados.