“Nunca se tinha tão longe”, foi o desabafo do TCor (Ref) João Alvelos a propósito da participação de cadetes num campo de férias para pessoas portadoras de deficiência. E argumentava: “Na Academia Militar houve uma Conferência Vicentina e grupos de Acção Católica. Mas não me lembro que se tenha abdicado de uma semana de férias para proporcionar um tempo diferente a estas pessoas habitualmente institucionalizadas e completamente dependentes. E é de ter em conta que alguns destes cadetes não vão a casa há quase dois meses por motivos dos exames e dos exercícios militares”.
De facto, um grupo de dez cadetes (nove da Academia Militar e um da Escola Naval), ajudados por quatro adolescentes, também voluntários, estão a monitorizar um campo de férias, promovido pela Cruz de Malta, para uma dúzia de participantes da APECI (Associação para a Educação de Crianças Inadaptadas), de Torres Vedras. Durante uma semana, nas instalações militares do antigo Regimento de Artilharia de Costa, da Fonte da Telha, proporcionam-se momentos de descontração, jogos, contactos com a natureza, acções de socialização, etc., a estas pessoas que não possuem rectaguarda familiar e passam toda a sua vida na Instituição que as acolhe.
O Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, assistente espiritual da Cruz de Malta, marcou presença para transmitir uma palavra de ânimo, conviver, celebrar a Missa e jantar com todos. Na homilia da Missa campal, celebrada num excelente miradouro para a imensidão do mar, dirigindo-se aos promotores e monitores, disse-lhes: “O Senhor Jesus afirmou aos seus discípulos: «Nisto reconhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros». Não disse que seriam reconhecidos como seus discípulos se passassem o dia a rezar, embora a oração esteja pressuposta. Mas, de facto, aquilo que entra pelos olhos dos que não têm fé é a capacidade de, voluntariamente, fazer o bem aos outros sem nada esperar em troca. Caros amigos, especialmente vós os cadetes, no princípio da vossa vida activa: habituai-vos a ajuizar o timbre da vossa fé pela capacidade de amar e de servir os outros. Habituai-vos a considerar-vos discípulos de Cristo a partir do amor que conseguirdes incutir no mundo. Quem o pede não sou eu: é Cristo”.
Este campo de férias vem no seguimento das actividades sociais e caritativas inerentes à Associação “Cruz de Malta”. Para a sensibilização destes cadetes monitores, muito contribuiu a acção do Capelão, P. Santiago.