D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, destacou simbolismo do encontro e recordou quem combate incêndios

Fátima, 22 set 2024 (Ecclesia) – O Santuário de Fátima acolheu hoje milhares de motociclistas para a Missa da IX Peregrinação da Bênção dos Capacetes, sob a presidência de D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, que evocou os recentes incêndios no país.

“É justo e necessário recordarmos aqui os homens e mulheres que combatem os fogos que assolaram terrivelmente o nosso país. De Fátima, elevamos ao Céu a nossa oração e prestamos a nossa solene homenagem de reconhecimento por aqueles que arriscaram e arriscam a sua vida a proteger vidas, bens e solos”, disse o responsável católico, na homilia da celebração que decorreu no recinto de oração da Cova da Iria.

“Os nefastos incêndios que destroem a floresta, dizimam vidas atentam as habitações, e não obstante a intensidade destrutiva das chamas do fogo, no nosso coração arde um fogo ainda mais forte, o do amor. E, por isso, nesta hora e aqui, rezamos por aquelas e aqueles cujas vidas foram ceifadas nos incêndios e no seu combate”, acrescentou.

Segundo o Santuário de Fátima, a organização da peregrinação promove duas recolhas solidárias de donativos, no Parque 12, uma com o intuito de ajudar as corporações de bombeiros mais afetadas pelo esforço de combate aos incêndios, com a oferta de “garrafas de água de 50cl, soro fisiológico, pomadas para queimaduras, compressas, pensos, anti-inflamatórios, paracetamol e produtos de higiene pessoal”.

A outra campanha visa a “aquisição de uma cadeira adaptada para um jovem motociclista de 22 anos, tetraplégico devido a um acidente de moto”.

Para D. Rui Valério, este encontro tem um “significado muito especial, profético”, elogiando os valores da “segurança rodoviária, a atenção e o cuidado na condução são, não obstante comportamentos incoerentes”.

“Aqui vimos para agradecer à Virgem Santíssima as graças que recebemos ao longo da vida, mas também tocados pelo desejo de reavivar o espírito de camaradagem, de fraternidade que aqui está sempre presente e vem gratuitamente fortalecido pelo ardor novo da fé, que o reabilita a inauditos projetos solidários”, declarou.

”A bordo dos nossos motociclos e das nossas viaturas, vamos sempre acompanhados por Maria e, por isso, cada deslocação, cada viagem, cada passeio, se torna peregrinação ao encontro de Cristo e procura de fraternidade com os outros”.

O patriarca de Lisboa referiu-se aos quilómetros percorridos pelos peregrinos e aos “potentíssimos motores de muita cilindrada” de alguns veículos, para sublinhar que a origem mais profunda do movimento humano é “o Senhor da Vida”.

A intervenção convidou a somar uma “dimensão espiritual e humanista” à vida contemporânea, aludindo ao desenvolvimento da inteligência artificial: “É um avanço técnico estupendo, mas tem de estar ao serviço do bem comum, da promoção da dignidade da vida humana, da defesa do que é belo, bom e verdadeiro”.

O também administrador apostólico do Ordinariato Castrense falou dos “conflitos mundiais – como na Ucrânia, no Medio Oriente, na República Centro Africana”, para sustentar que, “com Deus ainda há esperança de paz e de vida”.

A Cova da Iria recebeu motociclistas de todo o país e um grupo de Espanha, num dos “grandes acontecimentos e uma das grandes peregrinações ao Santuário de Fátima”, segundo o reitor da instituição.

“Que cada um de vós procure vir em segurança e procure tornar seguro, também, o caminho dos outros que circulam nas nossas estradas”, afirmou o padre Carlos Cabecinhas.

OC