Cerimónias do Dia Nacional do Combatente na Batalha destacam sacrifício anónimo pela Pátria

O Mosteiro de Santa Maria da Vitória foi hoje, dia 9 de abril, palco das cerimónias do Dia Nacional do Combatente, que recorda o 107.º aniversário da Batalha de La Lys, um dos episódios mais marcantes da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial. A Missa solene e as homenagens posteriores reuniram altas patentes militares, representantes do Estado e autoridades religiosas, num momento de reflexão sobre o sacrifício dos que serviram a Pátria.
Entre as figuras presentes estiveram o Presidente da República, Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, o Ministro da Defesa Nacional, Dr. Nuno Melo, o Presidente da Assembleia Municipal da Batalha, Joaquim Ruivo, o Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General José Nunes da Fonseca, o Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, General Cartaxo Alves, o Chefe de Estado-Maior do Exército, General Mendes Ferrão, o Chefe da Casa Militar do Presidente da República, Vice-Almirante Luís Pereira, o Presidente da Liga dos Combatentes, Tenente-General Chito Rodrigues, o Presidente da Junta de Freguesia da Batalha, Fernando Oliveira e o General Pina Monteiro. Em representação do Chefe de Estado-Maior da Armada, Vice-Almirante Aníbal Ribeiro, o Diretor Nacional da Polícia de Segurança Pública, Super-Intendente Luís Carrilho, em representação do Comandante-Geral da Guarda Nacional Republicana, Tenente-General Paulo Silvério e outras autoridades militares, civis e religiosas.
A Eucaristia, presidida por D. Sérgio Dinis, Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, centrou-se na figura do Soldado Desconhecido, simbolizando todos os militares que deram a vida de forma anónima pela liberdade e pela paz.
Na homilia, D. Sérgio Dinis partiu da leitura do Livro de Daniel (Dn 3,14-20.91-92.95), que narra a coragem dos jovens Sidrac, Misac e Abdénago, recusando-se a adorar falsos deuses mesmo sob ameaça de morte. “Como estes três jovens, muitos combatentes enfrentaram o fogo da guerra sem se deixarem consumir pelo ódio, mas sim pela fidelidade a um ideal maior”, afirmou.
O prelado estabeleceu um paralelo com os desafios atuais, sublinhando que “a Europa e o mundo vivem hoje novas ‘fornalhas’ – guerras, tensões geopolíticas, crises humanitárias – mas há quem, como os combatentes, continue a caminhar nelas com firmeza, em defesa da justiça”.
Já no Evangelho (Jo 8,31-42), recordou as palavras de Cristo – “a verdade vos libertará” – para destacar que “não há paz sem justiça, nem liberdade sem verdade”. “O Soldado Desconhecido não é um rosto apagado, mas o rosto de todos os que, na humildade, se tornaram sementes de um mundo melhor, mesmo ao preço da própria vida”, acrescentou.
Após a missa, seguiram-se os atos protocolares, incluindo:
– Alocução do Tenente-General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes;
– Entrega de condecorações a militares e instituições destacadas no serviço à Pátria;
– Desfile militar, com as forças em parada perante as autoridades presentes;
– Cerimónia de Homenagem aos Mortos em Combate na Sala do Capítulo, com deposição de coroa de flores e um minuto de silêncio.
A animação litúrgica esteve a cargo do Grupo Coral da Liga dos Combatentes, dirigido pelo Maestro Ricardo Ferreira.
O Dia do Combatente, instituído em memória dos militares portugueses que lutaram na Batalha de La Lys (9 de abril de 1918), continua a ser uma data central para honrar não apenas os heróis da Grande Guerra, mas todos os que serviram Portugal em cenários de conflito e missões de paz.
A cerimónia na Batalha reforçou, uma vez mais, o compromisso nacional com a valorização da história militar e o respeito pelos que “combateram o bom combate”, como escreveu São Paulo – não por glória, mas por dever.









