O Regimento de Artilharia Antiaérea N°1 (RAAA1), herdeiro dos costumes e tradições do antigo Regimento de Artilharia Antiaérea Fixa (RAAF), homenageou hoje os 25 militares do RAAF que há 58 anos pereceram no combate ao incêndio na Serra de Sintra. A cerimónia decorreu em Queluz e no Pico do Monge, na Serra de Sintra, sob a presidência do Tenente-General Luís António Morgado Batista, Diretor Honorário da Arma de Artilharia.

A efeméride teve início com a celebração de uma Missa, presidida pelo Capelão da Unidade, Pe. Fernando Monteiro, na capela do Regimento.

Na sua homilia, o capelão recordou com emoção os militares que, no dia fatídico de 7 de setembro de 1966, deram as suas vidas no combate a um gigantesco incêndio que devastou a Serra de Sintra durante sete dias. “Quisemos, como é costume, juntarmo-nos em família na capela deste Regimento de Artilharia Antiaérea N°1 para cantarmos a vida nova e eterna que Deus nos ofereceu por seu amado Filho, Jesus Cristo”, afirmou Pe. Monteiro.

O capelão enfatizou a importância de recordar não apenas os que partiram, mas também todos os que, diariamente, continuam a servir com humildade e devoção. “Eles são o coração pulsante desta instituição, e a sua dedicação não deve ser esquecida”, acrescentou.

Também lembrou a dor ampliada pela recente tragédia que ocorreu na última sexta-feira, dia 30 de agosto, no Peso da Régua, onde cinco militares da Guarda Nacional Republicana (GNR), pertencentes à Unidade de Emergência Proteção e Socorro (UEPS), perderam a vida num trágico acidente de helicóptero. “Neste momento de luto, os nossos corações unem-se à dor das famílias e dos colegas que choram estas perdas recentes. É um tempo de reflexão que nos lembra da fragilidade da vida e do compromisso inabalável dos nossos militares”, disse o capelão.

Apesar da tristeza, destacou que este não é um momento de desespero, mas de esperança. “Sabemos, nós os que somos cristãos, que Deus não pode abandonar aqueles que ofereceu a Seu amado Filho. A vontade d’Aquele que Me enviou é esta: que Eu não perca nenhum dos que Ele Me deu, mas os ressuscite no último dia”, afirmou.

O capelão citou S. Paulo, que nos recorda que devemos combater o bom combate e manter a fé. “É isso que pedimos hoje ao Senhor, que acolha no seu seio aqueles pelos quais rezamos e lhes permita entrar na ‘habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens’, e os coroe com a Coroa da Glória”, disse.

A cerimónia culminou com uma romagem ao local onde foram encontrados os corpos dos militares. Acompanhados por diversas autoridades, incluindo o MGen António Varregoso, Segundo Comandante do Comando de Forças Terrestres, Dr. Domingos Quintas, Vereador Câmara Municipal de Sintra, Dr. Rui Ângelo, Câmara Municipal de Cascais, BGen José Martins, Diretor da Direção de Serviços de Pessoal do Exército, BGen José Freire, Comandante da Brigada de Intervenção, Dra. Paula Alves, Presidente da Junta de Freguesia de Queluz e Belas, Cor José Mimoso Comandante do RAAA1, Comandante Hugo Santos, Prot Civ SubRegional Grande Lisboa, TCor Lourenço, Segundo Comandante do Regimento de Comandos, familiares dos militares sufragados e Agentes da Autoridade Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, os presentes depositaram 25 gerberas junto aos ciprestes plantados em memória dos militares tombados naquele fatídico dia de 1966. As gerberas simbolizavam a vida e a coragem daqueles que se sacrificaram em nome da proteção e segurança da população.

O evento foi um momento significativo de homenagem e reflexão, onde se reafirmou o compromisso com o serviço e o valor do sacrifício em prol da segurança da Nação. As palavras de capelão ecoaram entre os presentes, lembrando a todos que a memória dos que partiram deve servir de inspiração para continuar a luta pela justiça e proteção dos mais vulneráveis, honrando assim o legado daqueles que deram tudo pela Pátria.