Cerimónias presididas pelo Capelão Adjunto para a PSP, Pe. Luís Leal
A histórica Procissão do Senhor dos Passos encheu as ruas de Torres Novas na tarde deste domingo, 6 de abril de 2025, numa demonstração de fé e resistência face às adversidades do tempo. Apesar da ameaça de chuva, que obrigou a um percurso mais curto do que o habitual, centenas de fiéis acompanharam a cerimónia, mantendo viva uma tradição que remonta ao século XVI.
A devoção ao Senhor dos Passos, trazida para Portugal pelos Franciscanos, recria o caminho de Jesus desde o seu julgamento até ao Calvário. Em Torres Novas, esta procissão tem raízes profundas, mas esteve interrompida durante 65 anos, desde 1953, até ser recuperada em 2018 por iniciativa de António José Gouveia da Luz, provedor da Santa Casa da Misericórdia. A redescoberta de fotografias da última edição no Museu de Torres Novas inspirou o relançamento desta celebração, que desde então tem reunido a comunidade em torno da sua identidade religiosa e cultural.
Este ano, depois de em 2024 a procissão ter enfrentado calor intenso, foi a chuva a testar a determinação dos participantes. O cortejo partiu da Igreja da Misericórdia, com as crianças da catequese – vestidas de anjinhos – a levar os símbolos da Paixão de Cristo. A Verónica, figura central na narrativa da Via-Sacra, seguiu à frente do andor do Senhor dos Passos, enquanto o comovente “Canto de Verónica” só pôde ser ouvido já no interior da Praça dos Claras, onde decorreu a Eucaristia.
A cerimónia foi presidida pelo Pe. Luís Leal, Capelão Adjunto para a Polícia de Segurança Pública, numa ligação simbólica à Escola Prática de Polícia, sediada na cidade. A organização esteve a cargo das Paróquias de Torres Novas e da Santa Casa da Misericórdia, com o apoio do município, bombeiros voluntários e da Banda Filarmónica Euterpe Meiaviense, que asseguraram o decorrer harmonioso do evento.
Apesar do tempo instável, a determinação da comunidade falou mais alto. O andor de Nossa Senhora das Dores juntou-se ao do Senhor dos Passos já no final do trajeto, num momento de grande emotividade. A Praça dos Claras encheu-se de fiéis, provando que, mesmo com contratempos, a tradição e a espiritualidade prevalecem.
Para muitos, esta procissão não é apenas um ato religioso, mas também uma celebração da identidade torrejana, que resiste ao passar dos séculos. E este ano, mais uma vez, mostrou que nem a chuva consegue apagar a chama da fé.













