cruz

D. Manuel Linda exorta os militares que vão partir para o Iraque, em acção de formação, a que se sintam “verdadeiros missionários da paz”.

Mensagem à Força Nacional Destacada que vai partir para o Iraque

 

O Capelão, P. António Joaquim Pinto Dias, informou-me que trinta militares dessa Brigada Mecanizada, oriundos de diversas Unidades, vai  render a FND/3ºCN/OIR, em 11NOV16, e assegurar a missão de apoio à formação e treino das IRAQ Security Forces, na operação militar da Comunidade Internacional no Iraque.

Sei que, no dia 11 de Outubro, na Capela desse Campo Militar de Santa Margarida, vai haver uma celebração na qual se fará a bênção e entrega das cruzes que ele mesmo dará a cada um de vós, caros militares. Ele dizia-me: “Não se trata de um amuleto da sorte, mas de recordação e lembrança de Deus em cada bolso ou em cada fio”.

Também eu desejei marcar presença e rezar convosco nesse momento altamente significativo. Mas, por motivo de agenda, não o poderei fazer. Assim sendo, permiti que vos envie esta singela mensagem que será lida pelo Capelão.

  1. A realidade indica-nos que, na actualidade, a falta de Forças Armadas coesas, bem treinadas e equipadas, acaba por se traduzir em guerra civil ou em porta aberta para que invasores ditatoriais se imponham à população que quer viver em paz e em liberdade. O Iraque é um exemplo acabado disso mesmo. Por isso, o vosso esforço de ajudardes a formação e treino de Forças de Segurança equivale a um acto de caridade ou misericórdia para com a martirizada população do Iraque.
  2. Quando falamos em caridade ou misericórdia, para muito de nós, vem-nos à memória uma dimensão religiosa. Sim, a dimensão da fé não passa somente pela oração, embora esta seja fundamental. Mas, inerente à fé, está o compromisso social. Isto é, a colaboração para o bem comum mediante as boas acções.
  3. Atendendo a isto, a entrega do crucifixo adquire como que o símbolo de uma missão de envio: em nome  e com os sentimentos de Jesus Cristo que deu a vida por todos os homens e as mulheres e para salvação do mundo, ides para um meio hostil e para uma missão altamente difícil em favor da sociedade iraquiana e até da paz no mundo. Curiosamente, é assim que, entre nós, se costumam enviar os missionários (padres, religiosas ou leigos) quando partem para o exterior. Considerai-vos, pois, verdadeiros missionários da paz.
  4. Evidentemente, como missionários, tendes de cultivar um específico estilo de vida. Permiti que vos lembre algumas atitudes: clima de fé e oração (rezai alguma coisa todos os dias); respeito pela fé muçulmana, partilhada por quase todos os que ides encontrar; dignidade nas acções e no relacionamento com os homens e mulheres com quem contactareis; lembrança contínua da vossa família que constitui a vossa verdadeira retaguarda emocional; perfeita camaradagem entre vós, sabendo valorizar o que vos une e evitar o que pode constituir motivo de atrito.
  5. Ajudai os vossos formandos a adquirir uma mentalidade de serviço e não de violência: um Exército que se preze é respeitador dos outros e cultivador dos direitos humanos e da democracia. Existe para servir e não para dominar. No resto, segui o que a vossa consciência vos ditar. Sempre na certeza de que ides para ajudar e não para fomentar mais atritos.

Encomendo-vos a Nossa Senhora de Fátima de quem sei que sois muito devotos. Ela vos proteja. E vós acolhei-vos no seu regaço maternal.

+ Manuel Linda

Bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança