O Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI) recebeu ontem, dia 4 de junho, a visita de D. Sérgio Dinis, Bispo do Ordinariato Castrense. D. Sérgio Dinis encontrou-se com todos os cadetes, futuros oficiais da Polícia de Segurança Pública (PSP), num momento de reflexão e partilha sobre os pilares essenciais da vida policial.

A visita oficial teve início com a receção a D. Sérgio Dinis pelo Diretor do instituto, Superintendente-chefe Luís Farinha, e por diversos Oficiais dos vários departamentos. Após a receção, o Bispo dirigiu-se aos cadetes dos cinco anos, procurando transmitir ideias que vão para além da mera formação técnica.

D. Sérgio Dinis sublinhou que ser polícia é, mais do que uma profissão, uma vocação. Questionou os futuros oficiais sobre a sua motivação, instigando-os a discernir se estão ali “por emprego ou por missão”. A vocação policial, salientou, é um chamamento ao bem comum, à justiça e à paz social, com uma dimensão ética e quase “sagrada”, semelhante à do médico ou do professor. Reforçou que a autoridade não é poder, mas sim responsabilidade, e que quem lidera deve servir e dar o exemplo. A confiança do povo, acrescentou, só se constrói na verdade, coerência e sentido de missão.

O Bispo abordou ainda a importância da formação contínua e integral. Num mundo em constante e acelerada mutação, onde a criminalidade evolui com as redes sociais, a inteligência artificial, o cibercrime e o terrorismo, a formação não pode ser estática.

Alertou para a necessidade de uma aprendizagem contínua, que vá além do técnico e do tático, abrangendo o corpo, a inteligência, a emoção, os valores e a espiritualidade. “Formar-se é cuidar de si, para melhor cuidar dos outros”, afirmou, alertando que um polícia mal preparado pode comprometer a missão e a confiança pública.

Por fim, D. Sérgio Dinis destacou a espiritualidade como raiz profunda da liderança. Esclareceu que espiritualidade não se limita à religião, sendo a “arte de escutar o interior”. Para comandar outros, é crucial conhecer-se a si mesmo, as suas motivações e o seu propósito.

Um líder, na sua visão, possui um sentido de limite, compaixão e transcendência, não vivendo apenas de ordens e normas, mas de sentido e visão. A espiritualidade, segundo o Bispo, oferece a força necessária para suportar o peso da decisão, a solidão e a incompreensão. A oração, o silêncio e o contacto com Deus não são fragilidades, mas sim fontes de força. “Dirigir a Polícia é mais do que administrar: é guiar pessoas, cuidar da sociedade, resistir à tentação do poder fácil”, concluiu, salientando que um oficial espiritualmente enraizado é um guardião da justiça, e não apenas um gestor da segurança.

Após a intervenção de D. Sérgio Dinis, abriu-se um profícuo espaço para diálogo, onde os cadetes puderam colocar questões e partilhar as suas perspetivas com o Bispo. A visita incluiu ainda uma breve passagem pelas instalações do instituto, culminando com um almoço.