Transcreve-se a Mensagem do Administrador Apostólico do Ordinariato aos fiéis das Forças Armadas e das Forças de Segurança.

Mensagem às Forças Armadas e às Forças de Segurança

“Não se deixa sem dor o que se possuiu com amor”

 

  1. No exercício do seu dever de velar pelo bem de todas as dioceses do mundo, o Santo Padre, o Papa Francisco, acaba de me confiar uma nova tarefa: assumir a função de Bispo da Diocese do Porto. Trata-se de um pedido irrecusável: quer os militares e polícias, quer nós, pessoas da Igreja, sabemos bem o que é obedecer e a força moral de uma «guia de marcha» para onde os nossos superiores entendem que somos necessários.
  2. Por este motivo, partirei, com gosto, para o trabalho apostólico numa grande diocese que muito amo e admiro. Não obstante, esta mudança de actividade gera no meu interior uma extensa mancha de nostalgia e de saudade, já que, os quatro anos passados no meio castrense criaram relações e enraizaram amizades que não se podem ignorar. Agora, compreendo melhor uma conhecida frase de Santo Agostinho de Hipona e que se aplica a mim próprio: “Não se deixa sem dor o que se possuiu com amor”.
  3. Deixo, de facto, um sector que me proporcionou muitas alegrias: o Ordinariato Castrense para Portugal ou Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança. Aos militares e polícias garanto que a nossa foi uma história feliz. Agora que saio, estou em condições de completa liberdade para repetir o que sempre disse: agradeço-vos o zelo com que avalizais os valores inegociáveis da paz, segurança, liberdade, bem comum e a própria democracia.
  4. Por pedido do Santo Padre, continuarei a exercer as funções de “Administrador Apostólico” do Ordinariato Castrense, até à nomeação do futuro bispo. Quer isso dizer que continuarei a presidir a uma ou outra celebração religiosa e a tornar-me presente nas várias estruturas militares e policiais por intermédio dos Capelães.
  5. No Porto, há muitos militares e polícias. Podem contar com a minha especial dedicação. Mas, na realidade deste mundo globalizado e no tamanho do nosso país, certamente as circunstâncias nos colocarão frente a frente muitas vezes. Anseio por esses momentos, pois tenho a certeza de que a amizade ultrapassa os limites das distâncias físicas.
  6. Caros militares e polícias de Portugal, habituei-me a ver em vós pessoas muito capacitadas, profissionais que não descuidam a formação contínua e gente portadora de uma especialíssima sensibilidade social. Sabeis, de facto, que existis não para vós, mas para servir a sociedade. Sois, portanto, portadores de imensos valores: conservai-os! Constituí-vos como uma das grandes reservas morais da Nação. E que a sociedade se habitue a respeitar sempre mais quem a serve tão denodadamente.
  7. Saudai-me as vossas famílias e aqueles a quem quereis bem: elas também são «militares e polícias» por participação no vosso estilo de vida, na contínua mobilidade que tendes de suportar, na dureza e no perigo das funções que assumis. Dizei-lhes que também as aprecio muito. E para todos e cada um de vós, o abraço fraterno deste vosso amigo que convosco procurou fazer caminhada ao longo destes quatro anos. Deus vos ajude.

O vosso irmão e amigo,

+ Manuel Linda