A Força Aérea procedeu ao repatriamento dos restos mortais do último paraquedista falecido na guerra do Ultramar.

A 6 de Dezembro, a igreja de São Domingos de Benfica, da Força Aérea, encheu para a celebração da Missa por alma do soldado paraquedista António da Conceição Lopes da Silva, morto em combate em Angola, a 3 de Outubro de 1963. Vão lá, portanto, cinquenta e quatro anos. Foi a sepultar na terra da sua naturalidade: Lobão da Beira, concelho de Tondela.

Com a participação do CEMFA, CEMA, representantes do Presidente da República e do Exército, antigos Chefes de Estado-Maior, Presidente da Liga dos Combatentes, Presidente da Associação dos Paraquedistas, muitos militares e civis e familiares do António Silva, D. Manuel Linda presidiu à celebração. Concelebraram com ele o Vigário Geral do Ordinariato e os capelães da Força Aérea.

Na breve homilia, para além da dimensão religiosa inerente ao tempo de Advento, o senhor bispo não se esqueceu da situação dos antigos combatentes: “Olhamos para esta urna e todos sofremos: sofrem os familiares, a Força Aérea e sofre cada um de nós. Quer dizer que o sofrimento da guerra colonial ainda chega até aos nossos dias. Mas pelos numerosos testemunhos que continuamente recebo por diversos meios, sei que o grande sofrimento se entranhou no interior de muitos dos antigos combatentes. Medicamente, chamamos-lhe «stress pós-traumático». É um sofrimento duplo, quase sempre alargado aos familiares, por contágio: é o pesar inerente às condições que se tiveram de suportar e é um segundo tormento causado pelo mal que se causou àqueles a quem se chamava «o inimigo». Creio que este enorme sofrimento não terá cura em grande parte das situações. Mas poderá ser minimizado. Peço a todos que nos mostremos sensíveis a este sofrimento e tudo façamos para sensibilizar o Poder político para a situação destes antigos combatentes”.